ELEIÇÃO MUNICIPAL
Nem bem terminou a eleição mais disputada do país, Araraquara já se mexe para a eleição municipal de 2024. Por enquanto são cinco os candidatos tidos como certos para a disputa: Luís Cláudio Lapena (Patriota), Edna Sandra Martins (PSDB), Aluísio Braz Boi (MDB), Eliana Honain (PT) e Pedro Augusto Lia Tedde (Novo). Correm por fora ainda Rafael de Angeli (PSDB) que os bastidores dizem migrar para o PSB e ainda o empresário Ivo Dall’Acqua e Fernando Passos.
PARA VER SE PEGA
Dall’Acqua e Passos são pensados para ver se pega na tentativa de enfrentar Cláudio Lapena que o meio político vê como incógnita, acham que não tem tutano para governar uma cidade como Araraquara, meio sozinho e sem estrutura! Poderia ser um desastre! Teve boa votação na eleição de 2020 e saiu-se bem para deputado estadual. Na largada tinha 14% para estadual, no DataPress, e cresceu depois, enquanto Edna Martins, marcava 22% para federal.
NOME DE PESO
Bastidores conversou com lideranças tucanas que afirmaram a reorganização do partido e o lançamento de uma candidatura própria da agremiação para 2024. “A maior motivação para isso é que queremos ver Araraquara inserida no desenvolvimento que vemos pelo Estado. Para isso é preciso mudar o modelo de gestão que é realizado na cidade”, afirmou a liderança. E o nome de Edna Martins, é o primeiro de peso para enfrentar Lapena em pé de igualdade!
FUGA ATABALHOADA
A saída atabalhoada de garimpeiros da TI Yanomami arrasada, nos parece a fuga de bandidos da Rocinha (RJ) em 2011. As Forças de Segurança permitem a evasão desordenada e parecem querer livrar-se da manada para não terem que arrancá-la à força mais tarde de seus locais de crimes. Ainda que o Ministério da Justiça garanta que a dispersão permitida não signifique que não haverá punição no futuro, fica a dúvida de como vão identificá-los após a fuga.
DETER, FICHAR E SEPARAR
As forças de segurança deveriam deter todos, fichá-los e liberar para endereço certo e depois acompanhar com políticas públicas a raia miúda de pobres, ribeirinhos e indígenas empregados na cata ao ouro. Os capatazes de balsas e milicianos teriam que ser presos por mais tempo para identificar os financiadores de cada polo ou seus donos, pois os reais proprietários de balsas nunca ficam no local de campo e identificar o crime organizado por trás do garimpo.
PUNIR OS RESPONSÁVEIS
Uma vez identificados donos de balsas, financiadores e crime organizado, esses grandes chefes do ouro ilegal deveriam ser julgados e responsabilizados pelos danos ambientais causados às terras indígenas, bem como deveriam ser obrigados a indenizar os Yanomami por todo mal que causaram ao modo de vida desses povos originários. Com a ajuda do mundo aquela grande região deveria ser reflorestada para recuperar os rios, a caça e a pesca futura dos indígenas.
MACUNAÍMA-URARICOERA
Para quem não sabe, o Uraricoera – o segundo mais importante – da TI Yanomami era o rio de Macunaíma de águas transparentes. No início da obra, Mário de Andrade escreve: “Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera que a índia tapanhumas pariu uma criança feia”. O cacique Alexandre Apolinário disse ontem: “O rio era muito limpo. A gente enxergava os peixes para pescar. Tinha filhote, cascudo, tucunaré, matrinxã, pacu. Hoje, a gente não enxerga nada, só lama”. É a morte do Uraricoera!
RUY CASTRO-“BANCO DOS RÉUS”
O escritor Ruy Castro escreveu ontem que quando viu a crise dos Yanomami ligou-a aos campos de concentração nazistas. “A Alemanha não sabia dos campos assim como a maioria dos brasileiros também não. Mas Jair Bolsonaro e os ministros Ricardo Salles, Damares Alves, Braga Neto, Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga, Tereza Cristina e Hamilton Mourão sabiam e apoiaram o genocídio. (Esses) teriam que sentar no banco dos réus em móveis de Nuremberg”.
RIOS CONTAMINADOS
Quase todos os mil rios da Amazônia estão contaminados com mercúrio e erosão. O Madeira – dos mais ricos do mundo e o segundo da Amazônia – sofre com a exploração nociva do ouro desde 1739, acentuada no terceiro ciclo do ouro, a partir de 1980. Nesses 40 anos, centenas de toneladas de mercúrio foram lançadas no rio e bancos de areia surgem em meio ao caudal formando ilhas. São problemas que ferem a Amazônia, mais as queimadas e o desmatamento.
PAÍS E FORÇAS ARMADAS
O professor da UFRGS e da Universidade Denver (EUA), Érico Esteves Duarte, faz a mais perfeita análise da relação do Brasil com suas Forças Armadas que na atual conjuntura chegou ao grau mais alto do esgarçamento, patrocinado pela sanha golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro. Duarte atribui a culpa aos últimos presidentes pós-democratização; ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, às próprias Forças Armadas e até às universidades que fogem do assunto.
FALHAS DOS PRESIDENTES
Os presidentes se eximiram de comandar as Forças nas suas missões constitucionais e na formulação de um Ministério da Defesa Civil com comando real sobre elas. O Conselho de Defesa Nacional, previsto no artigo 91 da Constituição nunca funcionou. Militares são mais consultados que subordinados. Nenhum presidente – exceção a FHC, primeiro a mexer – fez algo para reduzir o poder político dos militares, face ao histórico de intervenções deles na política nacional.
LOBBIES MILITARES
O Congresso Nacional faz papel marginal na política de defesa, aceitou os lobbies militares na Constituição de 1988 – na função de cuidar da lei e da ordem interna – e não contém o uso de militares em funções civis. O Judiciário falhou ao permitir pós-ditadura um sistema Judiciário Militar, sem paralelo em qualquer democracia do mundo. As universidades têm preconceitos e horror em estudar expertise de defesa e nunca se envolveram na formação de militares.
SERVOS SEM RESERVAS
Os militares, por vez, nunca aceitaram serem servos da nação sem reservas e sempre flertaram com a tutelagem da democracia. São convocados para quase tudo, menos para cuidarem apenas do essencial, a defesa externa. Aceitam posições civis diversas com orçamentos extraordinários e ganhos financeiros, expondo suas corporações. Enquanto os militares forem centrais na administração pública, participarão da política e se autoproclamarão o tal Poder Moderador, tuteladores do poder civil. Obrigado professor por nos mostrar as entranhas de nossas falhas!
PELA PRISÃO DE DO VAL
Há um coro na imprensa e no meio político democrático pela prisão e cassação do mandato do senador Marcos Do Val por causa de suas trapalhadas e mudanças de versões na chamada tentativa do “Golpe Tabajara”, como brincou de humor o ministro Alexandre de Moraes que riu do amadorismo com que Jair Bolsonaro e seus comparsas tramam suas trapalhadas de golpe. A primeira foi o pedido de anulação da metade das urnas eletrônicas e a segunda esse imbróglio.