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Edna Martins vem para fazer frente ao doutor Lapena. Será?

O sociólogo e jornalista José Maria Viana escreve sua coluna Bastidores da Política nos fins de semana no Portal RCIA. Nesta edição ele faz um breve comentário sobre os cinco primeiros candidatos que se apresentam e garante que Edna Martins vem para fazer frente ao Lapena.

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ELEIÇÃO MUNICIPAL
Nem bem terminou a eleição mais disputada do país, Araraquara já se mexe para a eleição municipal de 2024. Por enquanto são cinco os candidatos tidos como certos para a disputa: Luís Cláudio Lapena (Patriota), Edna Sandra Martins (PSDB), Aluísio Braz Boi (MDB), Eliana Honain (PT) e Pedro Augusto Lia Tedde (Novo). Correm por fora ainda Rafael de Angeli (PSDB) que os bastidores dizem migrar para o PSB e ainda o empresário Ivo Dall’Acqua e Fernando Passos.

PARA VER SE PEGA
Dall’Acqua e Passos são pensados para ver se pega na tentativa de enfrentar Cláudio Lapena que o meio político vê como incógnita, acham que não tem tutano para governar uma cidade como Araraquara, meio sozinho e sem estrutura! Poderia ser um desastre! Teve boa votação na eleição de 2020 e saiu-se bem para deputado estadual. Na largada tinha 14% para estadual, no DataPress, e cresceu depois, enquanto Edna Martins, marcava 22% para federal.

NOME DE PESO
Bastidores conversou com lideranças tucanas que afirmaram a reorganização do partido e o lançamento de uma candidatura própria da agremiação para 2024. “A maior motivação para isso é que queremos ver Araraquara inserida no desenvolvimento que vemos pelo Estado. Para isso é preciso mudar o modelo de gestão que é realizado na cidade”, afirmou a liderança. E o nome de Edna Martins, é o primeiro de peso para enfrentar Lapena em pé de igualdade!

FUGA ATABALHOADA
A saída atabalhoada de garimpeiros da TI Yanomami arrasada, nos parece a fuga de bandidos da Rocinha (RJ) em 2011. As Forças de Segurança permitem a evasão desordenada e parecem querer livrar-se da manada para não terem que arrancá-la à força mais tarde de seus locais de crimes. Ainda que o Ministério da Justiça garanta que a dispersão permitida não signifique que não haverá punição no futuro, fica a dúvida de como vão identificá-los após a fuga.

DETER, FICHAR E SEPARAR
As forças de segurança deveriam deter todos, fichá-los e liberar para endereço certo e depois acompanhar com políticas públicas a raia miúda de pobres, ribeirinhos e indígenas empregados na cata ao ouro. Os capatazes de balsas e milicianos teriam que ser presos por mais tempo para identificar os financiadores de cada polo ou seus donos, pois os reais proprietários de balsas nunca ficam no local de campo e identificar o crime organizado por trás do garimpo.

PUNIR OS RESPONSÁVEIS
Uma vez identificados donos de balsas, financiadores e crime organizado, esses grandes chefes do ouro ilegal deveriam ser julgados e responsabilizados pelos danos ambientais causados às terras indígenas, bem como deveriam ser obrigados a indenizar os Yanomami por todo mal que causaram ao modo de vida desses povos originários. Com a ajuda do mundo aquela grande região deveria ser reflorestada para recuperar os rios, a caça e a pesca futura dos indígenas.

MACUNAÍMA-URARICOERA
Para quem não sabe, o Uraricoera – o segundo mais importante – da TI Yanomami era o rio de Macunaíma de águas transparentes. No início da obra, Mário de Andrade escreve: “Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera que a índia tapanhumas pariu uma criança feia”. O cacique Alexandre Apolinário disse ontem: “O rio era muito limpo. A gente enxergava os peixes para pescar. Tinha filhote, cascudo, tucunaré, matrinxã, pacu. Hoje, a gente não enxerga nada, só lama”. É a morte do Uraricoera!

RUY CASTRO-“BANCO DOS RÉUS”
O escritor Ruy Castro escreveu ontem que quando viu a crise dos Yanomami ligou-a aos campos de concentração nazistas. “A Alemanha não sabia dos campos assim como a maioria dos brasileiros também não. Mas Jair Bolsonaro e os ministros Ricardo Salles, Damares Alves, Braga Neto, Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga, Tereza Cristina e Hamilton Mourão sabiam e apoiaram o genocídio. (Esses) teriam que sentar no banco dos réus em móveis de Nuremberg”.

RIOS CONTAMINADOS
Quase todos os mil rios da Amazônia estão contaminados com mercúrio e erosão. O Madeira – dos mais ricos do mundo e o segundo da Amazônia – sofre com a exploração nociva do ouro desde 1739, acentuada no terceiro ciclo do ouro, a partir de 1980. Nesses 40 anos, centenas de toneladas de mercúrio foram lançadas no rio e bancos de areia surgem em meio ao caudal formando ilhas. São problemas que ferem a Amazônia, mais as queimadas e o desmatamento.

PAÍS E FORÇAS ARMADAS
O professor da UFRGS e da Universidade Denver (EUA), Érico Esteves Duarte, faz a mais perfeita análise da relação do Brasil com suas Forças Armadas que na atual conjuntura chegou ao grau mais alto do esgarçamento, patrocinado pela sanha golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro. Duarte atribui a culpa aos últimos presidentes pós-democratização; ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, às próprias Forças Armadas e até às universidades que fogem do assunto.

FALHAS DOS PRESIDENTES
Os presidentes se eximiram de comandar as Forças nas suas missões constitucionais e na formulação de um Ministério da Defesa Civil com comando real sobre elas. O Conselho de Defesa Nacional, previsto no artigo 91 da Constituição nunca funcionou. Militares são mais consultados que subordinados. Nenhum presidente – exceção a FHC, primeiro a mexer – fez algo para reduzir o poder político dos militares, face ao histórico de intervenções deles na política nacional.

LOBBIES MILITARES
O Congresso Nacional faz papel marginal na política de defesa, aceitou os lobbies militares na Constituição de 1988 – na função de cuidar da lei e da ordem interna – e não contém o uso de militares em funções civis. O Judiciário falhou ao permitir pós-ditadura um sistema Judiciário Militar, sem paralelo em qualquer democracia do mundo. As universidades têm preconceitos e horror em estudar expertise de defesa e nunca se envolveram na formação de militares.

SERVOS SEM RESERVAS
Os militares, por vez, nunca aceitaram serem servos da nação sem reservas e sempre flertaram com a tutelagem da democracia. São convocados para quase tudo, menos para cuidarem apenas do essencial, a defesa externa. Aceitam posições civis diversas com orçamentos extraordinários e ganhos financeiros, expondo suas corporações. Enquanto os militares forem centrais na administração pública, participarão da política e se autoproclamarão o tal Poder Moderador, tuteladores do poder civil. Obrigado professor por nos mostrar as entranhas de nossas falhas!

PELA PRISÃO DE DO VAL
Há um coro na imprensa e no meio político democrático pela prisão e cassação do mandato do senador Marcos Do Val por causa de suas trapalhadas e mudanças de versões na chamada tentativa do “Golpe Tabajara”, como brincou de humor o ministro Alexandre de Moraes que riu do amadorismo com que Jair Bolsonaro e seus comparsas tramam suas trapalhadas de golpe. A primeira foi o pedido de anulação da metade das urnas eletrônicas e a segunda esse imbróglio.