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Nestas eleições, a polarização radical é colocada no cenário da nação

O jornalista e sociólogo José Maria Viana de Souza escreve sua coluna nos fins de semana em nosso Portal RCIA, narrando o que acontece nos bastidores políticos. Nesta edição, Viana aborda a polarização que vem existindo entre Direita e Esquerda.

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POLARIZAÇÕES NO BRASIL
Para nosso leitor/internauta entender melhor, vamos falar aqui sobre polarizações no Brasil para entender como se deu a atual. Desde a Colônia temos as mais diversas revoltas, levantes e até revoluções pela pobreza insuportável, por desigualdades ou opressões. As mais graves foram aquelas que redundaram em golpes de Estado. O Exército se forma de fato na Guerra do Paraguai e ganha força política. O centro – equilíbrio da política – se esfacela, as polarizações se colocam. Através de golpe a República é instaurada em 1889. Em 1930, a República Velha não dava mais conta da realidade social (Estado frágil), mesmo após uma eleição, Getúlio Vargas com o Exército dá novo golpe e governa por 15 anos como ditador. Em 1960 os ânimos se acirram e em 1964 o Exército dá um novo golpe de estado com apoio da maioria da sociedade civil, da imprensa e da Igreja. São 21 anos de Ditadura! Tristes anos!

POLARIZAÇÃO 2018/2022
As sementes da nova polarização que hoje vivemos – com Lula e Bolsonaro obtendo, os dois, 92% dos votos válidos – nasce em junho de 2013 com grandes manifestações de rua. O mundo vivera as suas um pouco antes, motivadas por falta de respostas as aspirações de classe. No Brasil começam motivadas pela inapetência do governo em responder as demandas em curso da sociedade, pela corrupção generalizada e colocada em praça pública e também pela primeira vez, a disseminação de informações rápidas pelas redes sociais.

“ESQUERDA X DIREITA”
No segundo mandato de Dilma Roussef, organizações de esquerda e sindicais respondem às manifestações de centro-direita de 2013, em apoio ao governo, exposto por crise econômica e denúncias de corrupção na Petrobrás levadas a efeito pela Lavajato. Essas manifestações de esquerda em apoio a um governo inerte, feriram profundamente o brio dos manifestantes de 2013 apoiados na direita e também por apartidários descontentes e movimentos mais organizados como o Brasil Livre (MBL). Esse povo de classe média e média alta retorna às ruas contra o governo e em oposição aos caprichos da esquerda.

POLARIZAÇÃO RADICAL
O Centro – equilíbrio da política – se esfacela, as discussões se tornam impossíveis e a polarização radical é colocada no cenário da nação! Sem conversas, cada um dos lados se achando donos da razão, a dissensão é inevitável… O consenso se torna impossível e o pacto social é rompido! Cada lado procura apenas desdizer o outro com intolerância e ódio. Dilma perde a condição de governar com 90% de contrários e apenas 10% de apoio das ruas e do campo. Sem apoio vem o impeachment, as razões são detalhes! O novo governo de Michel Temer aos trancos e barrancos faz um pacto entre partidos para terminar o mandato e o país não ir à bancarrota de vez. O pacto o livrou de dois impeachments e veio a eleição!

POLARIZAÇÃO “INTOXICADA”
A Lavajato radicaliza as investigações da corrupção – passando por cima de alguns ritos abençoados até aí pelo STF -, prendendo elites políticas, empresariais e o ex-presidente Lula, impedindo-o de concorrer a eleição. Jair Bolsonaro, se alia aos movimentos de centro-direita e direita radical e se apodera quase que sozinho das redes sociais! A radicalização está posta definitivamente! Acho que ganhou mais pela facada, pela trégua que todos lhe deram – inclusive adversários – e ausência nos debates, combatendo fortemente a corrupção nos discursos apenas, sem programa, prometendo salvar a nação abalada por todos esses acontecimentos. Sua eleição “intoxica” a radicalização, a democracia e a nação! Eis, toda a história deste momento por qual passa o Brasil que tem nesta eleição a polarização mais arraigada ainda!

“DEMOCRACIA ELEITORAL”
A eleição do presidente Jair Bolsonaro intoxicou a democracia brasileira, segundo o V- Dem Institute, da Suécia, que estuda “O Estado da Democracia” no mundo, promovendo a sua regressão. Para o Instituto, o Brasil vive hoje um processo de “Autocratização” e perde a condição de uma “Democracia Liberal” porque tem a todo o momento que se autoafirmar, buscando apoio nessa ou naquela instituição para manter-se ou justificar-se como democracia, justificativas estas protegidas naturalmente pelo próprio sistema em todas as democracias liberais pelo mundo! O Instituto classifica o Brasil apenas como uma “Democracia Eleitoral”.

ATUAÇÃO DA JUSTIÇA
Segundo ainda o V-Dem Institute, “o estrago à democracia brasileira só não foi maior – com a eleição do presidente Jair Bolsonaro – graças a atuação da Justiça” que barrou todas as diversas tentativas de endurecimento pregadas ou propostas por ele. O instituto diz ainda que “a intoxicação da democracia” brasileira se deu quando Jair Bolsonaro se aliou aos manifestantes oriundos de 2013 e pediu nas ruas, junto com eles, intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Eis porque Bolsonaro é nocivo à democracia do país!

NÚMEROS FINAIS
A apuração final para presidente apontou Lula com 48.43% (57.259.504 votos), Bolsonaro com 43.20% (51.072.345 sufrágios), Simone Tebet, 4.16% (4.915.423 votos), Ciro Gomes, 3.04% (3.599.287 sufrágios) e outros candidatos, 1.17%. Brancos e Nulos: 4.41% dos votos. Compareceram para votar 123.682.372 dos 156.453.354 brasileiros aptos a votar. A abstenção foi de 32.770.982 votos. Lula conferiu 5% a mais que Bolsonaro o que corresponde a 6.187.159 sufrágios. A primeira pesquisa DataFolha do 2º Turno trouxe 49% para Lula e 44% para Bolsonaro com apenas 2% de indecisos. Cada um cresceu 1% diferentemente do IPEC que trouxe crescimento maior para Lula. Esses números mostram estabilidade, mas não demonstrou o efeito dos ataques feitos a cada um dos candidatos. O que é difícil é Bolsonaro tirar 6 milhões de votos de Lula, numa avaliação de que 93% dos eleitores estão decididos e não pretendem mudar o voto e que Bolsonaro é mais rejeitado (51%) que Lula (46%). Só um grande terremoto mudaria o jogo nessa altura do campeonato!

ELEIÇÃO DECIDIDA PRÓ-LULA
Esperávamos para enviar a Seção ao Portal rciararaquara os números do DataFolha de hoje (ontem) que confirma a análise anterior. Nada mudou em 12 dias de campanha. Os números são os mesmos que do dia 07/10, hoje é dia 14/10. Representando estabilidade total, mesmo com os ataques poucos politicamente corretos dos dois lados… Mas é da política que tem a sua própria ética! São esses… Lula 49% e Bolsonaro 44%. Com relação ao 1º Turno, cada um cresceu 1% na margem de erro. Os brancos e nulos são 5% e os indecisos 1%. Votos válidos, 53% para Lula e 47% para Bolsonaro, 6% de diferença, é quase ou até, não contei, 7 milhões de votos de diferença. Acho que o Lula está para se eleger Presidente da República dia 30. Faltam 16 dias para a eleição, e nada deve mudar nesse cenário… Vamos conferir!

EM SÃO PAULO
Em São Paulo a eleição nos parece decidida em favor de Tarcísio Freitas. Ele tem 50% dos votos contra 40% de Fernando Haddad. E, apesar dos ataques de que é um “forasteiro e paraquedista”, não conhece São Paulo e teria discriminado o Estado quando ministro, o quadro não muda. Fica difícil para Fernando Haddad tirar 10% de diferença. Ainda mais que grande parte do eleitorado tucano e do Rodrigo caminharam mais para Tarcísio que para Haddad! Nos parece que a população de São Paulo não quer mais nem PT e nem PSDB. A conferir! Todavia analista amigo meu me disse que Haddad foi bem no debate da Band e acha que a eleição ainda não está decidida em São Paulo, apesar do favoritismo do Tarcísio! Anotado amigo! Amanhã, deve sair pesquisa do DataFolha para governador de São Paulo, vamos ver! Obrigado a todos!