Entre os imigrantes que chegaram à região central de São Paulo, em 1888, estavam os Giazzi, oriundos de Mantova, norte da Itália. Eles rumaram para o cultivo de café, em Moji-Mirim. Um dos membros da família, Tomaso, buscando melhores condições de trabalho, aventurou-se até a localidade de Graminha (próxima a Jaboticabal), onde conseguiu ganhar bom dinheiro trabalhando em empreitadas de café, recebendo também, em paga de colheitas, terras em Taiaçu, onde se fixou. Nessa cidade, encontrou Amábile, moça nascida em Araraquara, cuja família, os Reami, para ali se mudara em função de oscilações da economia cafeeira. Tomaso Giazzi e Amábile Reami se casaram e tiveram oito filhos: Dante, Adelaide, Humberto, Delphina, Lydia, Ebe, Peregrino e Santina.
O primogênito, Dante, nascido em 1/12/1908, por terem seus pais comprado um estabelecimento comercial em Jaboticabal e por demonstrar afinidades para a arte da administração, foi estimulado, por professores e parentes, a prosseguir estudos na capital.
Em São Paulo, Dante concluiu com êxito, em 1929, o curso de Contador. De volta ao interior, além de assessorar o pai nos negócios da família, passou a cuidar da contabilidade de pequenas empresas da região. De sólida formação, desde moço, Dante se dedicou também as atividades ligadas à Igreja Católica: tocava flauta no coro da Matriz, onde também atuava Maria da Glória de Siqueira, jovem de tradicional família de Caçapava. Casaram-se em 20/6/1934 e tiveram cinco filhos. Maria Pia, professora universitária, casou-se com o cirurgião-dentista Edison Nassri, já falecido; José Carlos, engenheiro-civil, casado com a Profª Gladys Maroni; Dr. João Flávio, Professor-Adjunto da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP, casado com a Aparecida da Graça Mattioli; Maria Isabel, farmacêutica bioquímica, casada com o administrador de empresas Rui Mattioli e a Profª Maria Lúcia casou-se com Clorivaldo de Abreu, já falecido. Sua descendência completa-se com 8 netos e 14 bisnetos.
Dante Giazzi, em Taiaçu, além das atividades profissionais, achou tempo para participar de grupo teatral amador, chegando a dirigir peças. Participou também da construção da nova Igreja Matriz de Taiaçu. Após o falecimento de seu pai, em 1943, Dante rumou com a família para a nova fronteira agrícola que surgia no oeste do Estado, escolhendo a cidade de Valparaíso. Ali participou da administração do empreendimento Noroara, dedicado à indústria e comércio de algodão, amendoim, arroz, café, etc. Ele continuou achando tempo para atividades assistenciais, participando do movimento responsável pela construção da Santa Casa de Misericórdia de Valparaíso, da qual veio a ser Diretor. Também foi eleito vereador do município. Ainda, participou da criação do Asilo São Vicente de Paulo. Paralelamente às atividades principais, na Noroara, Dante também assumiu riscos empresariais testando o potencial de pequenas indústrias.
Com o avanço do Plano de Metas do Governo Juscelino Kubistchek (1956-1960), a Economia do País mudava rapidamente, e o tirocínio de Dante apontou-lhe novo caminho: veio para Araraquara, onde ingressou no ramo da distribuição de derivados de petróleo, na empresa Petroara, idealizada por seu cunhado Nélson Campanhã. Pouco depois, com instalação no País da Volkswagen do Brasil, a Petroara viria a tornar-se representante da montadora na região, transformando-se na empresa ARAUTO – Distribuidora Araraquara de Automóveis, com admissão de vários outros sócios: era a euforia do País que estava dando certo. Na Arauto (hoje Ápia), Dante dedicou os últimos vinte anos de sua curta existência, pois que faleceu em 7 de fevereiro 1978.
Como em Taiaçu e em Valparaíso, também em Araraquara, Dante dedicou-se de corpo e alma as obras sociais, participou por vários anos da diretoria do Asilo de Mendicidade de Araraquara, também foi membro atuante do Lions Club/Santa Cruz, onde é ainda lembrado como presidente-sorriso. Católico Convicto, durante muitos anos foi Ministro da Eucaristia da Igreja Matriz de São Bento, e também apresentava o programa radiofônico Ave-Maria, transmitido diariamente pela Rádio Cultura de Araraquara.
Seu súbito desaparecimento, em 1978 (infarto fulminante), abriu lacuna até hoje sentida por familiares e pessoas que tiveram o privilégio de seu convívio. Respeitado e admirado não só pela seriedade de atuação profissional, mas também pela disposição que demonstrava para atividades culturais, sociais e assistenciais, onde quer que estivesse. Segundo palavras de seu filho mais velho, uma de suas citações frequentes era: “Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora…”.
Seu nome está na rua através do Decreto nº 3971 de 02/03/1978, que denomina Rua Dante Giazzi, a via pública conhecida por Rua 105, Vila Independência, que se inicia na Avenida Professor Virgilio Abranches Quintão e termina na Rua 113, da mesma Vila.
Nota da Redação: História originalmente escrita por Samuel Brasil Bueno e publicada na Revista Comércio, Indústria e Agronegócio (RCIA) em fevereiro de 2015.