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Edmundo Lupo, relojoeiro que soube fazer do céu, seu paraíso

Edmundo Lupo, filho de Leonora Angerami e João, nasceu em 26 de dezembro de 1901. Sua história é marcada por desafios, trabalho e ações sociais realizadas pela tradicional Família Lupo.

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Uma das imagens inesquecíveis de Edmundo Lupo junto ao avião que veio pilotando desde os Estados Unidos

Na tradição familiar, conta-se que o pai de Edmundo, João, aos 16 anos, quando viajava saindo de Strigno, a aldeia natal italiana, em 13 de maio de 1888, chorando acenou para o povoado já distante vendo a torre da igrejinha e dizendo: “Addio, bel campanile! Non te vedro mai piu’’ (Adeus, belo campanário! Não te verei jamais). Teria sido esse então o episódio que deu origem ao título do livro sobre a história da Família Lupo.

Edmundo, ainda criança, frequentou o Grupo Escolar “Carlos Baptista Magalhães’’; concluído o primário, começou a trabalhar com o pai e irmãos na relojoaria, que depois seria a Ótica Lupo. Ele casou-se em Araraquara, com Altiva Marques, em 19 de setembro de 1926. O casal teve duas filhas: Maria e Sônia.

Edmundo Lupo com a família

Sônia foi casada com Waldemar Nascimento, com quem teve 4 filhos. Seu pai Edmundo teve 4 netos e 9 bisnetos.

Após a morte do pai em 1926, Edmundo herdou uma pequena frente na Rua Nove de Julho, 5 metros, e separando-se dos irmãos na relojoaria, especializou-se em ótica no Rio de Janeiro, obtendo certificado na reconhecida Bausch&Lomb, escola que representava na época a marca Ray-Ban.

Recebendo o amigo Júlio Malagolli

Desde então, Edmundo criou uma tradição que é conhecida no Estado pela confiança e pela seriedade dos serviços executados. Aos poucos ampliou o estabelecimento no mesmo local, onde se encontra até os nossos dias. Hoje sua neta Betânia está no comando da Ótica Lupo.

Edmundo foi autodidata aprendendo pela observação prática, os segredos da técnica ótica. Os familiares afirmam que Edmundo procurava cumprir a trilogia ensinada pelo seu pai para a vida e os negócios: agir sempre com humildade, simplicidade e honestidade. Por volta dos anos 50, a ótica de Edmundo Lupo foi o primeiro estabelecimento em Araraquara a ostentar um luxuoso luminoso colorido a gás neon.

Ao lado dos familiares e do seu avião no aeroporto

Tinha Edmundo 3 paixões: a ótica, o rádio amadorismo e a aviação amadora. Foi um dos iniciadores do Aeroclube da cidade. Com o tempo comprou um avião, e sabe-se que veio pilotando desde a fábrica nos Estados Unidos até Araraquara. Como piloto do seu próprio avião, viajou pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Nos céus de Araraquara conduziu inúmeras vezes o cientista e médico Frederico de Marco em suas experiências com chuva artificial.

Não media esforços para ajudar o próximo, como a vez em que fez uma viagem de avião, de grande risco por causa do mal tempo, até Campinas, onde foi levar o filho de um empregado da fazenda Salto Grande, que colocou no nariz um grão de café que foi alojar-se no pulmão. Lá em Campinas, os médicos que tinham aparelhagem própria que em Araraquara não havia, salvaram o garoto.

Mariinha e Betânia que está na administração da Ótica Lupo

Como rádio amador, Edmundo também prestou bons serviços à cidade. Socorreu muita gente em situação de dificuldade nos tempos em que as comunicações por telefone eram demoradas e as estradas também não permitiam deslocamentos rápidos.

Deixou como vontade expressa que ao morrer, colocassem sobre seu jazigo um pedaço da asa de avião. Como isso não era possível no Cemitério São Bento, resolveu-se colocar em seu túmulo uma réplica em bronze. Edmundo faleceu em 15 de junho de 1974 e a esposa Altiva em 1° de julho de 1987.

Seu nome está na rua através do decreto n° 3946 de 16/11/1977, que passou a denominar-se Avenida Edmundo Lupo, a antiga via pública conhecida por “Avenida 3’’, no Jardim Morumbi.

Da Redação: história originalmente escrita por Samuel Brasil Bueno com o título – Seu Nome Está na Rua