
Dizem que depois de certa idade, o homem é igual ao fusca. Não importa o ano de fabricação e sim o estado de conservação. Comparações à parte, fato é que o fusca exerce um grande fascínio em muita gente.
O barulho peculiar do motor, o cheiro característico de seu interior, a lembrança de uma passagem da infância e a memória de pessoas queridas mexem com os sentidos dos “fuscamaníacos”. Tanto que até datas comemorativas esse carro tem. Dia 20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca. Já o Dia Mundial é celebrado em 22 de junho.
Alicio Torres Junior, 72, herdou a paixão pelo fusca de seu pai, ainda criança. Mas foi a partir da década de 1960 que ele adquiriu o primeiro de uma série. “Comprei meu primeiro fusca em 1966. Era um modelo 62”, revela o aposentado.
Passadas mais de três décadas, o sentimento se fortaleceu e, no ano 2000, Alicio comprou um modelo da última série fabricada no País: um carro cinza chumbo 95, modelo 96.

A partir desse veículo, ele começou a projetar o “fusca dos sonhos”. “Sempre tive vontade de ter um fusca conversível. A partir desse último modelo feito no Brasil fiz o projeto no ano de 2004”, acrescenta Alicio.
Com as imagens no computador, Alicio, com o auxílio de um amigo, também funcionário do Sesi, fez os cortes de como gostaria que ficasse o veículo. Mas ainda faltavam encontrar o carro a ser modificado e quem executasse o serviço.

“Certa vez, estava em um lava-jato lavando meu carro e vi uma vespa totalmente restaurada. Perguntei para o dono da motocicleta quem havia feito o serviço e ele me passou um funileiro da Vila Xavier chamado Nei”, relembra Alicio.

Ele procurou o profissional, que abraçou o desafio. Alicio, então, comprou um carro velho no Pinguim e, um ano e meio depois, seu sonho se tornava realidade. “Registrei todas as etapas do projeto e da execução e em 3 de fevereiro de 2006 ele rodou pela primeira vez”, recorda.

Da mesma maneira que Alicio foi inspirado por seu pai a ter o “fusca dos sonhos”, a filha Larissa também pegou gosto pelo carro popular da Volks. E já que o pai conseguiu ter o fusca conversível que tanto desejava, ela ficou com o modelo cinza-chumbo, da última série produzida em solo brasileiro.

LINHA DO TEMPO
– A pedido do ditador alemão Adolf Hitler, Ferdinand Porsche desenvolveu e produziu na década de 30 o Volkswagen (VW).
– Em 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial, o Volkswagen acabou virando veículo militar.
– O Volkswagen ganhou o Brasil, ainda como produto de importação, a partir de 1950.
– O “carro do povo” só passou a ser oficialmente produzido no País em 1959.
– Na década de 1970, o Fusca sofre importantes transformações e bate recordes de venda.
– O nome Fusca, pelo qual o automóvel era popularmente conhecido, passou a ser oficialmente adotado em 1983. Até então era oficialmente denominado “VW Sedan” nos registros do Detran.
– Em 1986, a Volkswagen desistiu de produzi-lo no Brasil, mas em 1993, por sugestão do então presidente Itamar Franco, a empresa voltou a fabricar o modelo.
– Em 1996, a empresa encerra definitivamente sua linha de produção. O último modelo do Fusca foi produzido no México em 2003.