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Mudas Pré-Brotadas avançam nos canaviais

Sindicato Rural, Senar SP e Canasol se unem para mostrar aos plantadores de cana os efeitos positivos do plantio da MPB

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O sistema de mudas pré-brotadas (MPB) de cana é uma tecnologia de multiplicação que poderá contribuir para a produção rápida de mudas, associando elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. Outro grande benefício está na redução da quantidade de mudas que vai a campo.

No final de janeiro, o zootecnista Renato Trevizoli, da Agrícola Trevizoli, de Taquaritinga, proferiu palestra no auditório da Canasol sobre MPB: Mudas Pré-Brotadas, sistema que tem proporcionado vantagens aos produtores, que, ao invés de utilizarem colmos, passam a usar diretamente mudas durante o plantio.

A experiência de Renato Trevizoli, instrutor do Senar, no plantio das MPBs (Mudas Pré-Brotadas) uma vez mais foi apresentada pelo Senar e Sindicato Rural de Araraquara para os associados da Canasol, parceira nesta ação que visa ampliar o conhecimento dos plantadores de cana. Renato faz parte da Agrícola Trevizoli, localizada em Taquaritinga, uma empresa familiar. Nela trabalham o próprio Renato junto de sua esposa, mãe e irmãs. O negócio está no sangue da família, que cultiva cana-de-açúcar há quatro gerações, sendo três na mesma propriedade.

Após a introdução da MPB, a produtividade dos canaviais na Agrícola Trevizoli cresceu exponencialmente

À nossa reportagem o instrutor contou que “ao ser selecionado para integrar o projeto “+Cana”, viu uma oportunidade para aumentar a produtividade dos canaviais da família. No início, diversas dúvidas surgiram, mas Trevizoli tinha os maiores nomes da canavicultura brasileira a seu lado, o auxiliando nas tomadas de decisões. “Se eu tinha algum questionamento, já tirava a dúvida na hora pelo WhatsApp com algum pesquisador.”
Durante o período em que o projeto esteve ativo, o produtor participou de diversas oficinas, que aprofundaram seus conhecimentos na arte do manejo de mudas pré-brotadas de cana. “Foi uma lavagem cerebral. Comecei a ver que existia outra forma de plantar cana. Mais fácil e mais eficiente. Não era uma tecnologia barata, mas vinha com muitos benefícios agregados.”

SURGIRAM AS VARIEDADES

Para ele surgiu então a curiosidade de ter algo inovador em suas propriedades. Instalou seus primeiros viveiros clonais, com 200 mudas de cada variedade. Eram 12 materiais diferentes, quatro de cada instituição. Vale ressaltar que todas as variedades eram recentes e traziam consigo as últimas novidades tecnológicas dos programas de melhoramento genético. “Por ser tratar de um projeto novo, não poderíamos fazer uso de materiais antigos”, recorda.

Segundo o produtor, como as variedades estavam lado a lado, foi possível ver claramente quais trariam os maiores benefícios para sua propriedade. “Elas foram alocadas no meu solo e nas minhas condições de manejo, ou seja, com o desenvolvimento dos materiais, ficou explícito qual deles perfilhava mais e qual não apresentava doenças. Dessa forma, consegui decidir quais eu poderia alocar nas minhas áreas comerciais.”

NOVOS CONCEITOS

Participantes do curso sobre mudas pré-brotadas

Para os participantes do curso realizado na Canasol, Trevizoli explicou que os colmos usados como mudas no plantio dos novos canaviais precisam ser livres de pragas e patógenos causadores de doenças. Para conseguir colmos com considerável sanidade ao plantio, o produtor de cana-de-açúcar precisa formar canaviais com constantes vistorias sanitárias, conhecidos como viveiros.

Ele afirma que, durante o projeto, passou a entender os conceitos por trás da tecnologia, como condições ideais para a brotação das gemas e a interação entre espaçamento e nutrição. “Todas as questões estão embasadas em conceitos fisiológicos. Com o desenrolar do programa, passei a entender o funcionamento das mudas pré-brotadas e quais fatores influenciam no sucesso ou derrocada do manejo.”

Ao final do “+Cana”, Trevizoli chegou a uma conclusão. “Esse negócio de jogar 20 toneladas de cana por hectare de cima de caminhões ficou para trás. A MPB abriu novos horizontes.”

O TRABALHO DA AGRÍCOLA

Após a introdução da MPB, a produtividade dos canaviais na Agrícola Trevizoli cresceu exponencialmente. Em 2017, a média fechou em 108 Toneladas de Cana por Hectare (TCH). “Com a mudança do perfil varietal, aliado a esse novo sistema de plantio, acredito que num prazo muito curto – de dois a três anos – vamos estar produzindo 130 TCH.”

Indagado sobre o treinamento realizado na Canasol em janeiro, Renato Trevizoli considera que o resultado foi muito positivo, observando que os participantes estavam bem interessados em conhecer e colocar em prática o programa nas suas propriedades.

Para o instrutor houve muita interação e troca de informações, principalmente quando começou a falar das doenças e os motivos que afetam os canaviais na região. “Essa concentração de pragas em alguns pontos específicos tem aumentado muito e desperta a atenção no produtor que procura encontrar orientação técnica com o objetivo de minimizar possíveis prejuízos ou investimentos que não vão apresentar bons índices de satisfação, entendo que são situações esclarecedoras e necessárias”, disse Trevizoli, logo após o curso.

À nossa reportagem ele confidenciou que no início da implantação do projeto em suas propriedades, a intenção era produzir MPB apenas para atender a demanda da fazenda. “Porém, quando começamos a produzir, percebemos que precisaríamos otimizar a estrutura e contratar uma maior quantidade de funcionários do que tinha imaginado.” Ele diz que, quando se deu conta, já estava muito envolvido no processo. “Tinha inúmeros colaboradores e uma excelente estrutura. Cheguei à conclusão que seria interessante ter outra opção de negócio dentro da Agrícola. Foi quando resolvi me tornar viveirista.”