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Investimento Estrangeiro, Política e Ideias

Por Ubiratan Reis

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Neste terceiro e último artigo sobre Ludwig von Mises, tratar-se-á dos três assuntos finais abordados pelo economista da Escola Austríaca em sua visita à América do Sul, quais sejam, o investimento estrangeiro, a política e as ideias liberais.

Há, ao contrário do propagado levianamente, uma agenda positiva liberal, consubstanciada na defesa intransigente da liberdade. Quando se argumenta que o Estado intervém muito e muito mal, em verdade, se defende uma agenda positiva:a liberdade de empreender, liberdade para produzir, liberdade para trabalhar, liberdade para pagar e receber bons salários, pois, ao final, tudo gira na busca pela felicidade, que obrigatoriamente é nutrida por uma estabilidade econômico-financeira.

Nem sempre ser um ótimo ou o melhor profissional propiciará o maior salário, inúmeras são as variáveis, podendo-se, aqui mencionar, que a situação do país é, na maioria das vezes, determinante para que a contraprestação seja elevada, isto comparada ao que é efetivamente paga a outros profissionais de mesmo ofício e função em outras nações.

O mesmo ocorre em empresas de portes diferentes, onde colaboradores que exercem a mesma função, com as mesmas responsabilidades, recebem salários diferenciados, mas a discrepância salarial não resulta de eventual diferença de capacidade técnica ou tempo na função, mas decorre do fato de um funcionário estar vinculado à uma multinacional e o outro a uma micro empresa.

O desenvolvimento do país é essencial para o pagamento de bons salários e, no caso de países em desenvolvimento, o capital estrangeiro se apresenta como uma alternativa, já que há uma tendência de encontrar nestes países, investimentos altamente lucrativos e mão de obra em abundância e barata. Mas, como nem tudo são flores, denuncia-se que, muitos dos investimentos estrangeiros, se tratam em verdade, de aquisições estratégicas de dominação de mercado e explorações indevidas de mão-de-obra.

Ludwing von Misses asseverava que a migração de capital ocorrida na Europa provocou a elevação dos salários no passado e faria o mesmo no futuro, não sendo as medidas protetivas estatais que levariam ao aumento do padrão de vida da coletividade, o que nos leva a refletir, assim como o economista, sobre a Política e as ideias comuns da sociedade.

Veja-se, por oportuno, que os representantes eleitos não exercem somente o poder que emana do povo, mas manifestam os sonhos, a esperança e a vontade de toda uma nação. Então, seja na economia, na educação, nas relações internacionais, o que realmente se busca pelo voto direto é a contemplação dos anseios coletivos.

As condições e as diretrizes econômicas são alvos certos dos grupos de pressão, independentemente da ideologia que adotam, pois se tratam de pessoas que se unem em busca de um bem ou privilégio em comum e que lhe são objeto imediato de desejo.

Mises explica a relação do intervencionismo e os interesses específicos, apontando para o fato de que, em sua concepção original, cada membro do parlamento deveria representar toda a nação, não sendo incumbência de um representante local, propiciar algo especial ao seu eleitorado, como por exemplo um hospital.

O economista asseverava que tudo o que o ocorre na sociedade é fruto de ideias, sejam elas boas, sejam ela más, devendo-se lutar contra tudo o que não é bom na vida pública. Aconselhava Mises que as ideias errôneas deveriam ser substituídas por outras melhores, devendo lutar contra o confisco da propriedade, o controle de preços, a inflação e outras ações intervencionistas que ainda hoje são defendidas, surtindo efeitos a curto prazo, mas graves externalidades na economia a médio e longo prazos.

O que se buscou nestes três últimos artigos, nada mais foi do que apresentar àqueles que não conheciam um dos pensadores da Escola Austríaca, seus estudos, seus escritos e suas ideais que norteiam e fundamentam as ações de muitas pessoas pelo mundo, desde grandes empresários até pesquisadores e cientista, da Economia ao Direito.

Por fim, o que poderá levar a evolução do modo pelo qual o Estado é visto, estruturado e almejado, se revela muito mais das contraposições que são apresentadas, do que pelas ideias estagnantes que há anos sendo aplicadas, não tem alcançado o patamar de satisfação que a maioria das pessoas desejam e merecem.

  1. MISES, Ludwig Von. As seis lições. Tradução de Maria Luiza X. de a. Borges. 9ª ed. São Paulo: LVM. 2018.

* Ubiratan Reis é advogado tributarista/econômico e escreve para o RCIA – ARARAQUARA ([email protected])

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