O Brasil tem hoje 65 mil respiradores pulmonares, número insuficiente para tratar de todo paciente que necessita do equipamento para continuar vivo. Nesse momento, cerca de 330 mil pessoas já apresentaram diagnóstico positivo para o coronavírus e mais de 21 mil morreram.
A solução seria comprar os chamados respiradores mecânicos, fundamentais para uso em pacientes graves da doença, mas o problema é que o mundo todo está precisando deles e as dificuldades para comprá-los vão desde questões burocráticas para importação, até mesmo o preço, que varia conforme o sabor do mercado e normalmente está bem acima da capacidade de pagamento das prefeituras e estados brasileiros.
Pensando nessa dificuldade, há cerca de 45 dias a BioGeoenergy, instalada no maior parque fabril da América Latina, na Iesa, em Araraquara, no interior de São Paulo, adquiriu os direitos de fabricação e comercialização de um ventilador pulmonar mecânico. Outra unidade da empresa, em Camaçari, na Bahia, também começará a fabricar o equipamento nas próximas semanas.
Em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) firmou uma colaboração público-privada em prol da regularização do equipamento. Chamado de “Respira Brasil”, o modelo BR 3, é uma solução tecnológica de baixo custo, mas de alta performance, atendendo a todas as especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Recentemente o equipamento passou por todos os testes exigidos pelo órgão e também testes clínicos na Santa Casa de São Paulo, sendo aprovado em todos eles.
“Os pacientes internados com a covid-19 podem desenvolver um quadro de insuficiência respiratória aguda e necessitam do ventilador mecânico. O aparelho vai fornecer ar e oxigênio com o intuito de manter o pulmão aberto, facilitar a troca gasosa e manter os músculos respiratórios em repouso, até que o paciente consiga realizar este processo sozinho”, explica a fisioterapeuta da BioGeoenergy, Ana Paula Higa Siqueira.
A empresa aguarda apenas a finalização do processo de regulamentação da Anvisa para iniciar a comercialização, mas a produção já começou.
“Mesmo sem a autorização definitiva da Anvisa a gente resolveu começar a produção, isso é permitido. Nossa ideia é ter dois mil respiradores a pronta entrega assim que as questões burocráticas forem resolvidas e já temos peças e componentes para a produção de mais dois mil e em questão de dias para outros mil”, detalha o CEO da empresa, Paulo de Tarso.
O aparelho da BioGeoenergy é considerado de alta performance porque consegue manter vivo o paciente pelo tempo que ele necessitar. Ele foi construído seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde e da Anvisa e tem o chamado PEEP50, que é sua capacidade de fazer pressão nos pulmões para que ele continue aberto e livre para receber oxigênio. A grande maioria dos equipamentos no mercado brasileiro hoje trabalham com peep bem inferior e não são recomendados para uso prolongado.
“Estudos comprovam que na Covid-19 a PEEP elevada é mais eficiente para ser utilizada no tratamento, e o nosso equipamento possui a PEEP de 0 a 50”, explica Ana Paula Higa Siqueira.
PREÇO
Uma das grandes vantagens do equipamento desenvolvido pela BioGeoEnergy é a tecnologia nacional implantada na maioria dos componentes, o que permite uma fabricação em grande escala sem a dependência das importações que têm atrasado a compra desse tipo de material pelo país.
“Pouquíssimas peças são feitas no exterior, mas como temos contrato de prioridade com a maioria dos fornecedores asiáticos nosso material nunca é retido. O transporte aéreo tem sido feito por rotas seguras que não passam em países que estão embargando muitas cargas como essa para ficar com os equipamentos. Tudo que pedimos chegou em tempo recorde”, comemora Paulo de Tarso.
Claro que todas essas características refletem no custo do respirador. Em um primeiro caso o comprador terá uma garantia de 12 meses e no segundo terá três anos de garantia e uma vantagem impressionante em relação a seus concorrentes, que é a manutenção e reposição de peças incluídas no contrato. “Quando começamos a precisar desse tipo de equipamento no Brasil, agora com o coronavírus, percebemos o quanto a manutenção faz falta. O que temos atualmente são aparelhos importados que apenas técnicos especializados tem certificação para consertar e muitos hospitais não encontram esses profissionais ou não conseguem pagar e aí temos esse monte de aparelho quebrado. Com a gente isso não vai acontecer”, garante de Tarso.
MANUTENÇÃO
Para resolver o gargalo da falta de profissionais para fazer a manutenção do equipamento, a BioGeoEnergy, incluiu no processo de fabricação cerca de 260 técnicos, de todos os estados brasileiros, que já atuam no reparo de respiradores eletrônicos importados, isso garante que em todo país haverá alguém capacitado para reparar o aparelho, caso seja necessário. Isso deve acontecer pelo menos mais três vezes, em um total de mais de mil profissionais capacitados. “É uma estratégia sem precedentes. Ninguém fica na mão. Se um hospital precisar de suporte, estaremos lá quase que imediatamente e no máximo em 72 horas o respirador estará novamente ajudando a salvar uma vida”, pontua o gerente industrial da BioGeoenergy, Samuel Araújo Matos.
FABRICAÇÃO
Os ventiladores da BioGeoEnergy estão sendo fabricados em duas unidades da empresa em Araraquara, no interior de São Paulo, e em Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, na Bahia.
Ambas as unidades têm hoje capacidade para fabricar até 100 aparelhos por dia. Caso necessário esse número pode aumentar.
“Um dos gargalos da nossa produção é o equipamento que faz a calibração do respirador. Esse procedimento leva cerca de 15 minutos. O aparelho que faz isso é importado e há um em cada unidade então temos que usar todos os 15 minutos do dia. Hoje isso não é um problema, mas prevendo uma alta procura e até mesmo os pedidos firmes que já temos, adquirimos outros vinte que chegarão aos poucos ao longo das próximas 4 semanas.Isso vai multiplicar em duas ou três vezes nossa capacidade de produzir os respiradores”, pontua Samuel Araújo Matos.
As fabricas foram construídas com tudo de mais moderno no setor e contam com laboratórios, salas de triagem de equipamentos e componentes, linha de montagem e áreas completamente esterilizadas para testes.
GERAÇAO DE EMPREGOS
Além dos 260 técnicos que atuam na linha de montagem e que depois seguirão para seus estados, as fábricas, juntas, devem empregar diretamente cerca de 250 trabalhadores nessa fase inicial.
INVESTIMENTO
Todo processo de fabricação dos respiradores mecânicos da BioGeoenergy começou há pouco mais de 45 dias. Nesse período foram desenvolvidas soluções tecnológicas e outras foram melhoradas. As duas fábricas capacitadas para a construção dos equipamentos passaram por adaptações e dezenas de trabalhadores foram treinados. Os investimentos em desenvolvimento chegam a R$ 35 milhões. Se somadas as garantias de compra já pagas ao exterior para garantia de algumas peças esse montante ultrapassa os R$ 60 milhões.
SOBRE A EMPRESA
A BioGeoenergy é uma das quatro empresas do Grupo GEOTERRA que atualmente está em fase de implantação do mais diversificado e maior parque fabril do Brasil na produção de bens de capital, com área coberta de 177.000 m2 (expansível em mais 450.000 m2) em um terreno de 870.000 m2 e capacidade para 6 mil trabalhadores diretos.
A empresa conta com um corpo técnico composto por Engenheiros Eletrônicos e Mecânicos treinados para entender os problemas dos clientes e tentar ajudá-los a superar suas dificuldades de produção através das mais novas tecnologias do mercado.
Nessa tarefa o Grupo Geoterra tem sido bem-sucedido no desenvolvimento de equipamentos que são projetados e construídos não apenas na matriz em São Paulo, mas também em sua filial nos EUA.
O time tem profissionais com uma experiência coletiva de mais de 90 anos no campo de Automação Industrial e Sistemas Laser para Marcação, Solda e Corte.
O grupo BioGeoEnergy adquiriu os direitos de fabricação e comercialização dos ventiladores BioGeoEnergy e, com o impacto da pandemia do COVID-19, a BIOGEOENERGY em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) firmou uma colaboração público-privada em prol da regularização do equipamento VENTILADOR PULMONAR MECÂNICO AUTOMÁTICO da empresa BIOGEOENERGY junto à ANVISA, para o seu início de operação na área de engenharia biomédica.
Neste contexto, o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) contribuiu na investigação de normativas e na coautoria e revisão de relatórios técnicos, visando acelerar o processo de produção de artefatos documentais e evidências técnicas a serem apresentados para a ANVISA com a finalidade de regularizar o projeto e a produção do equipamento VENTILADOR PULMONAR MECÂNICO AUTOMÁTICO, modelo BR-3.
O comprometimento da BioGeoEnergy com a qualidade é demonstrado pela constante busca pelo aprimoramento, bem como a manutenção das Certificações já conquistadas, nos dão a certeza de que nossas ações estão no caminho certo para o atendimento e a da satisfação total de nossos clientes.