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Censo aponta que em 12 anos, Araraquara tem 35 mil domicílios a mais

Para o coordenador do IBGE estão nascendo menos crianças, estamos envelhecendo; no seu entendimento, Araraquara não é uma ilha mas, um polo de atração, com muita gente migrando para cá.

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Previsão era de 240 mil habitantes; chegamos a 242 mil.

André Pastrelo Cavallieri, coordenador de área do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o número do crescimento populacional da cidade não foi o que mais chamou a atenção na pesquisa anunciada em nosso país. “O que mais me saltou aos olhos foi o aumento no número de domicílios. Araraquara teve um aumento de 44% de domicílios de 2010 a 2022. São 35 mil domicílios a mais, enquanto a população aumentou 33,5 mil habitantes. Então a cidade cresceu mais em casas e apartamentos do que em pessoas”, observou.

A explicação, segundo ele, é que existem menos pessoas morando por residência nos dias de hoje. “Foi uma redução muito grande no Brasil todo e em Araraquara não foi diferente. Eu acho que isso é muito fruto das políticas que tivemos de incentivo à moradia e acesso à casa própria ao longo da última década, que estão surtindo efeito agora, com muito mais casas e prédios construídos. Quantos prédios temos visto aqui em Araraquara? Realmente é um número que chega até ser assustador, de uma certa forma”, acrescentou.

O comentário feito por ele foi no programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o “Canal Direto com a Prefeitura” abordando nesta quinta-feira (6) os números do Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Coordenador do IBGE durante o programa

André iniciou sua participação com uma explicação sobre o trabalho desenvolvido pelo instituto. “O IBGE é mais reconhecido pelo Censo Demográfico porque no Censo nós visitamos todos os domicílios desse país, todos os cidadãos, e é aí que o IBGE dá a cara para a população. Mas além do Censo, nós fazemos uma infinidade de outros trabalhos relacionados a indicadores sociais, demográficos e econômicos. Um exemplo muito conhecido da população é o índice de inflação. Todo mês sai o índice de inflação, que é produto do IBGE. Tem o índice de desemprego, que também é divulgado todo mês pelo IBGE. Então tem uma série de pesquisas de indicadores que o IBGE produz”, destacou.

DIFICULDADE NA COLETA DE DADOS

André falou sobre as dificuldades enfrentadas durante a coleta de dados. “O Censo no país todo, e em Araraquara não foi diferente, demorou muito mais que o previsto. No início, a previsão era de três meses de coleta, ou seja, começaria em agosto e terminaria em outubro, porém demoramos dez meses para concluir. Foi o triplo do tempo esperado. Um dos principais fatores que levou a esse atraso na finalização do Censo foi a baixa receptividade da população, não só em Araraquara, mas no país todo. Nós percebemos, não só no Censo, mas nas pesquisas de rotina que fazemos, que a população está mais arredia, mais reclusa, não está querendo aquele contato face a face. Então isso dificultou um pouquinho e tivemos uma certa dificuldade na receptividade ao nosso recenseador”, apontou.

Segundo ele, esse comportamento foi causado por uma série de fatores. “Acho que a pandemia foi um ponto de inflexão nas nossas vidas. Tem a questão da criminalidade, dos golpes que têm ocorrido, então a população está muito cuidadosa com isso. Acho que esses seriam os principais fatores que eu colocaria que dificultaram um pouco o nosso trabalho”, opinou.

CRESCIMENTO ACIMA DO ESPERADO

Segundo os números do Censo, divulgados em 28 de junho, Araraquara registrou o maior crescimento populacional proporcional da região nos últimos 12 anos. Entre o Censo de 2010 e de 2022, a população da cidade saltou de 208.662 para 242.228 habitantes, um aumento de 16,09%, número maior que o dobro da média nacional, que foi de 6,5%.

André Pastrelo Cavallieri comentou os números. “Araraquara cresceu muito mais que o Brasil. O principal fator que identificamos até o momento é que parece que houve uma migração muito grande para Araraquara, principalmente dos municípios do entorno. Muita gente está mudando pra Araraquara”, justificou.

COMPARAÇÕES COM OS NÚMEROS ADICIONAIS

O tamanho da população brasileira divulgado no Censo Demográfico surpreendeu por ser abaixo do que demógrafos projetavam. Ainda assim, é suficiente para que o Brasil mantenha o posto de sétimo país mais populoso do mundo, com mais de 30 milhões de habitantes acima do oitavo colocado.

Em Araraquara, diferentemente, o resultado foi superior ao que foi projetado. “A estimativa de 2021 era de que o Brasil tivesse 213 milhões de habitantes. O dado do Censo revelou 203 milhões, então ficou um pouco distante da estimativa. Em Araraquara, a estimativa era de 240 mil habitantes e chegamos a 242 mil, então chegamos em um número muito próximo à estimativa. Isso não causou nenhuma surpresa, mas claro que esse dado nível Brasil mostra que a nossa população está crescendo menos. Estão nascendo menos crianças e estamos envelhecendo. Araraquara não é uma ilha e, como eu disse, a diferença de Araraquara é que ela é um polo de atração. Tem muita gente migrando para cá. O crescimento não se deve exclusivamente ao número de nascimentos, que também diminuiu aqui, mas se deve, em grande parte, a essa migração”, avaliou.

IMPACTO DIRETO

André Pastrelo Cavallieri também comentou sobre como os números do Censo impactam diretamente nas vidas das pessoas. “Todo planejamento que vamos ter de agora até o próximo Censo estarão baseados em cima desses dados. Vemos que Araraquara aumentou muito a população, com um aumento predominante de pessoas mais idosas, então precisamos investir mais em ações para pessoas idosas, acesso ao sistema de saúde. Ao mesmo tempo, o número de nascimentos está diminuindo, pensando a nível Brasil, então talvez precisemos de menos escolas, não construir tantas escolas, mas mais hospitais. O perfil da população muda e temos que mudar todo o planejamento em cima disso. O impacto será sentido ao longo dos próximos dez anos”, concluiu.