A quantidade de mortes em decorrência da Covid-19 em Araraquara dobrou neste mês de fevereiro (em apenas 19 dias) em relação ao mês de janeiro inteiro, refletindo a circulação da nova cepa mais transmissível do coronavírus. Número de casos, média móvel, internações e infectados em isolamento domiciliar também dispararam.
Foi essa alteração na situação da pandemia que levou a Prefeitura a endurecer as restrições de isolamento social, já que a ocupação de leitos de UTI e enfermaria é de 100% em Araraquara e também opera próximo do limite em toda a região.
Em janeiro, mês no qual já era esperado um aumento das infecções devido às festas de final de ano, Araraquara registrou 2.029 casos e 24 óbitos. Neste mês, quando a cepa de Manaus foi detectada, são 2.633 novos casos e 51 mortes. E isso até esta sexta-feira (19), restando nove dias para o término do mês.
O último boletim do Comitê de Contingência do Coronavírus registrou recorde da média móvel diária de casos (175,7), no número de pessoas internadas (227) e na quantidade de pacientes infectados e em isolamento domiciliar (1.257 pessoas).
Entre o final de janeiro e o início de fevereiro, os profissionais de saúde de Araraquara detectaram que algo diferente ocorria na pandemia: aumento expressivo de contaminações e complicações da doença em pacientes mais jovens, que passaram a ser internados com maior frequência do que antes. Óbitos foram registrados em pacientes com idades de 26, 27, 30, 31, 33 e 36 anos.
Isso levou a Prefeitura e o Sesa (Serviço Especial de Saúde de Araraquara), no início do mês, a colherem e encaminharem para análise amostras em pacientes leves, moderados e graves internados em Araraquara.
A resposta chegou na sexta-feira passada, dia 12: o Instituto de Medicina Tropical, vinculado à USP (Universidade de São Paulo), confirmou que a variante do coronavírus detectada em Manaus também estava em circulação por aqui.
Embora ainda não haja um estudo científico que aponte a nova cepa como mais agressiva entre a população fora do principal grupo de risco (idosos), as estatísticas e a experiência enfrentada pelos profissionais de saúde do município deixam clara a mudança de comportamento da pandemia.
Em 2020, 17 dos 92 óbitos em decorrência da Covid-19 em Araraquara foram de pessoas abaixo de 60 anos, o que representa 18,47%. Das 75 mortes deste ano, 21 foram de pessoas que não são idosas, ou seja, 28%.
Quando é levada em conta a idade limite de 40 anos, a diferença é ainda mais expressiva. No ano passado, somente uma pessoa abaixo dessa faixa etária morreu devido ao coronavírus entre 92 óbitos (1,08%). Em 2021, são oito mortes de pessoas abaixo de 40 anos, o que representa 10,66% das 75 vítimas fatais.
“A evolução da doença, que se dava geralmente em pacientes mais idosos ou com comorbidades, desta vez ocorre também em pacientes jovens, sem comorbidades. Empiricamente, notamos que é uma variante mais agressiva do coronavírus. Ouvindo os profissionais de saúde, decidimos aumentar as medidas de distanciamento social para diminuir o ritmo da contaminação”, afirma o prefeito Edinho.
Isolamento
A enfermeira sanitarista da Vigilância em Saúde e coordenadora extraordinária de Ações de Combate à Covid-19, Fabiana Araújo, explica que o isolamento social é fundamental para conter o avanço da doença. E quanto mais pessoas aderirem ao isolamento, ele será necessário por menos tempo.
“Se mais pessoas estiverem nas ruas, são mais pessoas portando e transmitindo o vírus, sendo assintomáticos ou não. É preciso diminuir o número de pessoas circulando. Com todo mundo colaborando ao mesmo tempo, esse período de isolamento será menor”, analisa.
Além do isolamento social, outra medida essencial na diminuição do ritmo de contaminação é a vacinação, mas ela depende do envio de remessas das doses por parte do Governo Federal e do Governo do Estado. Até o momento, quase 17 mil araraquarenses foram imunizados, entre profissionais de saúde, idosos acima de 85 anos e outras categorias prioritárias.