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‘É uma abordagem fiel do contexto que estamos vivendo’, pontua docente da Unesp Araraquara

Maria Lúcia Outeiro Fernandes analisa 'Não Olhe Para Cima', polêmico novo sucesso da Netflix

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Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep estão no longa, que discute o negacionismo e fanatismo político. (Foto: Divulgação)

Lançado na plataforma de streaming Netflix em 24 de dezembro, o longa metragem norte-americano “Não Olhe Para Cima” é, atualmente, alvo de diversas discussões e reflexões por parte da crítica e público ao discutir política e economia por vias como o negacionismo, fake news, doutrinação e alienação.

Protagonizado por estrelas como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep, a trama conta a história de Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer), dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do sistema solar e que está em rota de colisão direta com a Terra, causando a extinção da vida por aqui.

Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean (Meryl Streep) e de seu filho, Jason (Jonah Hill). Com apenas seis meses até o cometa fazer o impacto, eles precisam ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais antes que seja tarde demais. A direção é de Adam McKay.

‘NÃO DÁ PARA IGNORAR O FILME’

Para a Livre Docente em Literatura Portuguesa e também Professora Associada do Departamento de Literatura e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da FCLAr (Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara) Maria Lúcia Outeiro Fernandes, o longa retrara uma abordagem bem realista/fiel do contexto que estamos vivendo neste momento.

A professora Maria Lúcia Outeiro Fernandes, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara

“É pop na forma, na linguagem e no conteúdo. Não dá pra ignorar o filme. Tenho esperança de que muitas pessoas, ao se verem desenhadas na tela, tomem consciência de como estão colaborando para o caos e a tragédia em que estamos mergulhados”, pontua.

Dentro deste universo, a postura dos seguidores do presidente Jair Bolsonaro que, com frequência, se posicionam contra imposições de cientistas e profissionais da saúde, acabam gerando comparações entre a telona e a realidade brasileira.

“Que todos respeitem mais o trabalho dos cientistas, que tomem mais distanciamento e desenvolvam espírito crítico diante dos meios de comunicação e parem de seguir os milionários excêntricos que estão comandando o mundo”, analisa.

‘Não Olhe Para Cima’ também expurga a força do poder e a riqueza em contraponto aos interesses comuns, também questionando a religião, o falso mundo eletrônico e a fragilidade da existência humana.

“Também vale refletir acerca da capacidade das pessoas em  depositar suas vidas nas redes sociais. Parem de confundir vida real com vida virtual. Não sei se isso ainda é possível nessa altura da nossa civilização, mas o fato de terem feito um filme sobre tudo isso me dá alguma esperança. Não deixe de ver até a última cena, depois dos créditos”, recomenda.

(Por Matheus Vieira)