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‘O tempo para normalização das atividades culturais ainda é longo’

Empossada por mais quatro anos como secretária municipal da cultura, Teresa Telarolli pontua um 2021 difícil, porém ressalta a capacidade da pasta em se adaptar às mais diferentes realidades

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Teresa Telarolli, 56 anos, assume, por mais quatro anos, a pasta da cultura em Araraquara

Por Matheus Vieira

Cientista social, historiadora e professora de renome, além de uma apaixonada incondicional pelo mundo das artes, Teresa Telarolli, 56 anos, assume, por mais quatro anos, a pasta da cultura em Araraquara com imensos e inéditos desafios, estes iniciados em março do ano passado, quando o setor artístico parou por conta da pandemia de COVID-19 e ainda não voltou.

Em conversa exclusiva, Teresa reafirma que o momento é muito delicado, porém há uma imensa confiança na força e vontade da gestão cultural local em dar uma reposta, encontrando soluções.

“Não podemos ser ingênuos de acreditar que será mais fácil que o ano passado. É claro que a chegada da vacina abre espaço para a esperança em dias melhores, mas sabemos que o tempo para a normalização das atividades ainda é longo”, pontua.

Para tal, em um primeiro momento, está em desenvolvimento um cuidadoso planejamento para a execução de todos os projetos e programas em formato híbrido, ou seja, com capacidade para execução virtual e presencial. Tudo isso, porém, quando esta realidade for liberada, respeitando, sempre, às orientações e exigências sanitárias que o momento exige.

“Seguiremos com uma agenda forte e vigorosa, tanto sob o ponto de vista da manutenção e preservação do nosso patrimônio histórico e cultural, como também no desenvolvimento da nossa programação de eventos e ações culturais”, projeta.

AJUDA IMEDIATA

Segundo Teresa, logo após o decreto do estado de calamidade pública, no ano passado, a Secretaria de Cultura de Araraquara tomou medidas ágeis que buscassem oferecer o socorro à categoria. Todas as ações foram desenvolvidas com recursos próprios da secretaria e Fundart.

“Mantivemos os contratos e o pagamento de todos os 30 projetos contratados para as Oficinas Culturais, adequando seus formatos à linguagem digital; providenciamos cestas-básicas por meio da Rede de Solidariedade a todos os artistas e agentes culturais que nos procuraram e criamos o programa Cultura em Rede de Araraquara, por meio do qual lançamos editais para lives, vídeos e oficinas, além da adequação de formato de projetos continuados como o Choro das Águas e o Domingo no Parque. É claro que não resolvemos os problemas todos, até porque o cenário era devastador; entretanto, fomos capazes de respostas rápidas e pragmáticas que minimizaram os impactos sobre a vida das pessoas”, analisa.

Dentro deste contexto, a Lei Aldir Blanc – resultado de uma ampla mobilização de artistas, agentes culturais e políticos em caráter nacional – aparece com um papel significativo, mesmo com uma extrema burocratização do Governo Federal em relação a sua regulamentação, resultando em uma demora no repasse dos recursos aos contemplados.

“No nosso caso, os repasses foram acontecer em outubro, transformando toda sua execução em um processo de extrema complexidade, com dificuldades de toda ordem. Para se ter uma ideia, basta olhar para outras cidades dentro do próprio Estado de São Paulo que optaram por devolver integralmente os recursos ou não conseguiram executá-los minimamente”, lamenta Teresa.

Porém, a partir de um trabalho em conjunto da Secretaria de Cultura e outros setores da Prefeitura, como a Secretaria de Negócios Jurídicos, Secretaria de Planejamento e Finanças, Procuradoria Geral do Município e o próprio Conselho Municipal de Cultura, o valor de R$ 1,5 milhões que o município recebeu foi entregue.

“Foram cerca de 600 projetos analisados, dos quais 370 contemplados e mais 43 espaços culturais apoiados pelo subsídio. Todo o processo de julgamento dos projetos foi transmitido ao vivo, por meio de lives, em um esforço imenso para dar transparência aos trabalhos das comissões. Assim, considero que a lei cumpriu o seu papel e Araraquara conseguiu corresponder mais do que satisfatoriamente com o compromisso junto ao segmento artístico”, finaliza  Teresa Telarolli.