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Uivo Cuir Fest traz diversidade e bandas lendárias para Araraquara neste sábado (27)

Evento LGBTQIAP+ acontece no mês da Visibilidade Trans; Mercenárias e Rap Plus Size são destaques

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Banda As Mercenárias

Celebrando o mês da Visibilidade Trans, a 3ª edição do Uivo Cuir Fest acontece neste sábado (27) na Praça das Bandeiras, em Araraquara, das 16h às 22h. O evento gratuito é realizado pela Prefeitura de Araraquara, Fundart, Bar do Zinho e apoiadores locais.

O festival LGBTQIAP+ já é um marco cultural dissidente da cidade e une nesta edição bandas nacionais consagradas de diferentes estilos, além de lançamento de livro e roda de conversa sobre protagonismo negro. De São Paulo, o Uivo recebe a icônica banda As Mercenárias e a combativa Rap Plus Size, e mostra também a força das bandas locais La
Burca, Hellside e a artista Hella.

A programação múltipla invoca o funk, punk, rap e post punk somado a ideologia do faça você mesmo. Vendas e panfletagem de fanzines, materiais independentes, feira de artesanato e culinária completam o festival.

PROTAGONISMO DISSIDENTE

Desde 2022, o Uivo é realizado no circuito independente de Araraquara e região, sendo idealizado pelas artistas e produtoras Nic Oliveira e Amanda Rocha. Visando a produção de artistas queer/ trans, o festival tem como característica mostrar o que vem sendo realizado nas diferentes frentes artísticas dissidentes, seja na música, literatura, artes plásticas, entre outros.

“O Uivo já começou com um histórico de festival raro que vem reconhecendo a produção e visibilidade de pessoas trans do underground interiorano e dando espaço às pessoas que estão no início da carreira misturadas às já consagradas. É sobre ligar e construir pontes, porque existe uma carência em Araraquara e no interior em eventos com essa
linguagem dissidente,”, apontou a produtora Nic Oliveira.

RODA DE CONVERSA NEGRA

A roda de conversa “O protagonismo negro na contemporaneidade” abre a programação a partir das 16h com a presença dos autores Cíntia Santos, Bruno Caldeira, Jussara de Paulo Justino e Fernanda Marciano, com mediação de Nic Oliveira.

A partir de reflexões contemporâneas sobre a atuação de pessoas negras na arte e na ciência, a roda de conversa propõe uma discussão em torno dos avanços e também das armadilhas coloniais com o questionamento: “É possível que o protagonismo negro aconteça para além do racismo e das questões raciais?”.

LENDÁRIAS

Principal atração musical do evento, a lendária banda paulistana Mercenárias mostra vigor de mais três décadas dedicadas ao rock. Suas canções de dois minutos continuam reverberando mesmo ao passar dos anos.

A saga da banda post-punk liderada pela baixista Sandra Coutinho começou no início da década de 80, e teve em sua formação original Edgard Scandurra (Ira) na bateria. Referência nacional com clássicos atemporais como “Me Perco” e “Santa Igreja”, a formação atual é Sandra Coutinho (Voz, baixo), Silvia Tape (guitarra, backing vocal) e Pitchú Ferraz (bateria, backing vocal). Após cinco anos da última apresentação na cidade, a banda volta para fechar a noite do Uivo Cuir. Para Sandra, o festival tem a marca da
inclusão, trocas e acolhimento.

“Eu já vivi tantos contextos e ser convidada para esse festival é super acolhedor e inclusivo. Dar oportunidade para tantas expressões é muito importante, todo mundo se abraçando nas suas várias formas de expressão e a gente também está nessa barca podendo compartilhar o som e a nós mesmas. Eu trago para o palco parte de mim, levo para o palco a minha intimidade e compartilho com todo mundo que está lá. Isso é muito incrível, poder trocar e compartilhar em Araraquara pela segunda vez”, frisou a baixista.

Batidas de rap, trap, funk e discussões sobre corpos dissidentes norteiam o trabalho do Rap Plus Size. Com rimas empoderadas e linguagem dançante, a rapper são carlense Sara Donato e o rapper transmasculino Jupi77er apontam para a multiplicidade dos corpos.

“Acredito muito na importância desse festival e da sua representatividade. Estamos muito felizes de poder somar fazendo parte desse line. E o público pode esperar muito bate cabeça, troca de ideia e música boa”, disse Sara. O duo divulga o último EP “Revoada” (2022) que tem produção da renomada produtora brasileira Badsista na faixa “Euforia”, antônimo de “disforia”, dentro da linguagem trans.

Com abordagem e versos que primam pela autoestima e corpos fora do padrão, sexualidade e afeto entre pessoas gordas, Rap Plus Size promete uma apresentação afiada e crítica.

BANDAS LOCAIS

Já as bandas locais Hellside, La Burca e a artista Hella Oliveira refletem a produção queer da cidade, do punk ao funk. Formada em 1989, Hellside é a banda mais antiga de rock em atividade em Araraquara. Atualmente um duo liderado por Flavinha Antunes ( guitarra e voz) e Paulo Pires (bateria), a banda tem passagens em vários festivais independentes no estado de São Paulo. Em 2023 gravou o último disco que registra o som atual da banda, mais veloz e direto.

A banda tem uma consistente discografia, com letras politizadas de críticas à sociedade, de protesto, veganismo e militância LGBTQIAP+. Já a banda La Burca volta às origens como um duo liderado por Amanda Rocha (voz, guitarra) e participação da baterista convidada Rebeca Remp em show único. Para o show, o duo vai tocar o 2º disco “ Kurious Eyes” na íntegra. Com influências do post punk, grunge e folk, a banda que tem 10 anos de atividades tocou em diversos festivais independentes nos estados de SP, MG, RJ e DF.

Representante do funk travesti futurista de Araraquara, Hela Oliveira é uma cantora alagoana radicada na cidade, e apresenta seu EP “Babilônia” e outras faixas. O trabalho contém faixas influências pelo trap, rap e funk e busca enaltecer suas potências e conectar o público com suas vitórias e erros. O último single “A Rihana é maluca” foi lançado neste mês. O evento conta com o apoio dos Quitutes Veganos, Bar do Zinho, Tabacaria Delta, Bella Pizza, Novo Hotel Municipal, Quintal do Bigode, Veggies Chef
Lu e Associação Amigos da Praça.