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Brasil está travado com R$ 6 trilhões de dívida e não há investimento com economia quebrada

O sociólogo e jornalista político José Maria Viana escreve sua 'pretuberante' coluna nos fins de semana no RCIA; nesta edição ele diz que na União, em 30 anos, o gasto previdenciário subiu de 19% para 52%.

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A Dívida Pública Federal fechou 2023 em R$ 6,52 trilhões

R$ 6 TRILHÕES DE DÍVIDA
A dívida do setor público com os seus funcionários aposentados atingiu cerca de R$ 6 trilhões e torna-se hoje um dos principais motivos para a queda na taxa de investimentos no Brasil, fator central que trava o crescimento sustentável da economia. O aumento faz governos federal, estaduais e municipais deixarem de investir e de custear a máquina para gastar com ativos e inativos. Somente na União, em 30 anos, o gasto previdenciário subiu de 19% para 52%.

INVESTIMENTOS CAÍRAM
Na via inversa, o dinheiro de uso livre caiu de 33.7% para 3.1%, com os investimentos baixando de 16% para 2,2%. O cenário reflete o desempenho do crescimento do PIB. Quando governos aplicam pouco, o setor privado acompanha a tendência. Em infraestrutura – setor que depende pesadamente da ação estatal – a taxa de investimento público despencou de 5.1% do PIB em 1980 para 0.6% em 2022. Os R$ 6 trilhões equivalem a 93% da dívida do setor público.

INCHANDO O BNDES
A pressão sobre o governo para mostrar que está tirando do papel novos projetos para gerar crescimento, somada à restrição fiscal, pode retomar alternativas financeiras criativas para inchar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos moldes do passado. A crítica vem de economistas que acompanham a instituição e o Plano da Nova Indústria Brasil (NIB). O governo nega afirmando que “os subsídios são baixos”. Para os críticos, políticas equivocadas do passado, começaram de pouquinho, mas depois engordaram.

R$ 250 BILHÕES
O Banco vai gerenciar R$ 250 bilhões em projetos de inovação, e já se preveem subsídios e repasses não reembolsáveis (sem expectativa de retorno) em parte das liberações. O diretor de planejamento, Nelson Barbosa, diz que “Não existe volta ao passado” e que as avaliações são precipitadas. “Na NIB, por exemplo, cerca de 64% dos recursos são financiamentos com taxa de mercado”. Um dos temores dos economistas é a relação com o Tesouro Nacional.

CÂMERA CORPORAL
As polícias de pelo menos 25 países, alguns deles há mais de 20 anos, adotam as câmeras corporais para registrar as ações de seus agentes em serviço, com diferentes regras acerca da autonomia do policial para iniciar a gravação. No Brasil, apenas oito das 27 unidades da Federação utilizam esses dispositivos. Em São Paulo o governo de direita de Tarcísio de Freitas, questiona a efetividade para a segurança e já tentou retirar, mas não teve forças para tanto!

BRASIL ATRASADO
A euforia do mundo com relação aos carros elétricos, tem tomado nos últimos tempos alguns baldinhos de água fria, com quase todas as montadoras, desacelerando ou adiando projetos… Ainda assim, o negócio cresce. A discussão do elétrico no Brasil, para variar, está mais do que atrasada. O governo lançou um plano baseado na transição verde, mas prevê mais subsídios a montadoras convencionais. Até 2035 os combustíveis fósseis devem parar de queimar.

DIREITA E CLIMA
A agenda ambiental da União Europeia, como de resto do mundo, está ameaçada por partidos de extrema direita que cada dia conquistam lacunas de poder. Estes partidos se associam ao negacionismo da crise climática e inventam desculpas de que a terra passa apenas por um ciclo natural e não de ameaça à vida. Durante a Pandemia de Covid-19, esses grupos e partidos espalhavam teorias conspiratórias sobre a vacina. Amenizada a pandemia, o alvo agora é questão ambiental, a emergência climática, que para eles, é um canto da esquerda! Pode isso?

PF VÊ CONLUIO NA ABIN
A Polícia Federal (PF) suspeita de conluio na Abin, no caso da espionagem ilegal da agência à serviço do governo de Jair Bolsonaro e na proteção de seus filhos. Reunião da cúpula da Abin no dia em que a agência era foco da operação da PF, entrou na mira dos investigadores. A PF convocou servidores da agência que são investigados. Alexandre Ramagem, ex-diretor, é alvo da operação. A PF e a Abin fizeram diligências juntas em 2023, sobre o software espião comprado de Israel e usado na espionagem.

INTERESSES MESQUINHOS
Estudo com série histórica dos municípios brasileiros, concluiu que a menor concentração de poder político nas mãos de elites locais, ajuda o desenvolvimento da economia no geral, a longo prazo. O estudo demonstra que a competição política melhorou em muito as cidades brasileiras entre os anos de 1940 e 2000, impulsionando sobremaneira o desenvolvimento e o crescimento econômico. Elites locais carcomidas, atrasam o país com interesses mesquinhos.

ELEIÇÃO E DEMOCRACIA
Levantamento prevê que metade da população global votará em nível nacional ou regional neste ano de 2024, ainda assim, o mundo estará longe de uma festa da democracia, após retrocessos dos últimos anos que conseguiram enfraquecer várias democracias, entre elas, a do Brasil e dos Estados Unidos. Somente na União Europeia são 31 pleitos com data confirmada, além de 27 ainda sem dia marcado, mas à sombra de autoritarismos e guerras.

EXÉRCITO E SEGURANÇA
O Exército brasileiro só pensa naquilo: dinheiro, protagonismo e se imiscuir na segurança interna do país, uma vez que guerra externa mesmo faz mais de 80 anos que não participa de uma. Agora de guerra interna já fez mais de dez contra seus irmãos. No momento, o ministro da Defesa, José Múcio e o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, tentam quebrar a resistência do presidente Lula e do PT a recorrer às Forças Armadas em crise de segurança pública no país.

R$ 1 MILHÃO POR DIA
Desde o início do governo, Lula afirma que não usará operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). No final de 2023 houve um recuo com uma ação no Rio de Janeiro em que não há operação em morros e favelas. Agora, a Defesa acha seguro recorrer aos militares em situações pontuais. Com relação aos Yanomami, os militares fizeram corpo molhe e pediram R$ 1 milhão por dia para atuar contra o garimpo ilegal e em favor dos indígenas… Pode isso?

ACORDO CASO MARIELLE
O ex-PM Ronnie Lessa, apontado como assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes, firmou acordo de delação premiada sobre o crime. O Superior Tribunal de Justiça, onde ocorre o caso, precisa homologá-lo. Com a delação, a investigação espera chegar ao mandante do bárbaro crime que vitimou a ex-vereadora da coligação do PSOL/PCB. Bruno Castro, advogado de Lessa, disse que deixará a defesa do ex-policial. Há gente grande por trás do crime! Podem crer!