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Em Araraquara, comércio, bares e restaurantes adotam medidas para manter clientes

Sindicatos fornecem orientações aos empresários e incentivam consumidores a comprarem, a fim de reduzir os prejuízos e impedir a paralisação da economia local

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O levantamento considera os dados de rendimentos declarados no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) de 2018

As vagas de estacionamento vazias no centro de Araraquara demonstram a redução da circulação de pessoas provocada pela pandemia do Covid-19. A ameaça de disseminação do coronavírus colocou um novo freio nos setores de comércio, turismo e prestação de serviços, atividades que começavam a ganhar fôlego após enfrentarem a crise econômica nacional há alguns anos.

Shows, feiras, festas e diversos eventos foram suspensos. Com isso, reservas em hotéis foram canceladas e os estabelecimentos alimentícios viram seus clientes desaparecerem. O coronavírus está provocando uma reviravolta na vida das pessoas, com um impacto social e econômico sem precedentes. Tentando minimizar os prejuízos, evitar demissões e manter sua função de abastecimento da sociedade, os estabelecimentos comerciais estão lançando mão de novas estratégias de vendas.

DELIVERY PARA TODOS OS SETORES

Yan de Mattos Salami e Raul de Mattos Salami, proprietários da FratelloWaffles, suspenderam o atendimento no salão do restaurante e passaram a investir somente na entrega de pedidos em domicílio, o chamado delivery. Yan explica que, antes do coronavírus, entre 60 e 65% das vendas eram presenciais, ou seja, no restaurante da empresa. A outra parte, entre 35 e 40%, ficava por conta dos pedidos feitos por aplicativos de entrega, por telefone ou pelo whatsapp. Quando começaram as suspeitas de casos de coronavírus na cidade, os proprietários decidiram fazer um encolhimento de suas atividades e os pedidos passaram a ser feitos exclusivamente pelo serviço de delivery. A retirada de produtos no balcão, que era muito frequente, também foi suspensa.

“Temos uma fatia grande de clientes universitários. Como houve suspeita de coronavírus em algumas faculdades, sentimos a redução da presença do público universitário no restaurante e notamos um pequeno aumento nas entregas a repúblicas e endereços de estudantes. Mas nosso público é diversificado e também temos clientes do chamado grupo de risco, portanto o encolhimento de nossas atividades foi uma medida preventiva, que envolveu muito respeito à população”, conta Yan.

O serviço de delivery não é uma opção exclusiva para o setor de alimentação. Todas as áreas e todas as atividades podem usar a entrega ouo atendimento em domicílio. Foi isso que mostrou a loja de roupas Equilíbrio. As proprietárias Maria Luiza Cicarelli Caramuru e Maria Ivone Lauand Caramuru explicam que, para reduzir as visitas ao estabelecimento, a loja passou a incentivar as vendas a distância, disponibilizando um número de telefone e oferecendo descontos aos clientes que fizerem compras pelo whatsapp.

“Aumentamos e reforçamos a limpeza da estrutura física, disponibilizamos álcool em gel em todos os cômodos da loja, assim como sabonete de limpeza profunda nos banheiros, além de mantermos os ambientes bem arejados. Mesmo com todas essas medidas, a circulação de pessoas na loja diminuiu drasticamente. Então, intensificamos as postagens em nossas redes sociais com apresentação da nova coleção e dicas de looks, e estamos com algumas ideias para que a nossa marca seja sempre lembrada. O canal de compras via internet, como whatsapp e redes sociais, já era utilizado, porém bem pouco se compararmos com a loja física. Neste momento, queremos fazer o caminho inverso”, conta Maria Ivone.

REDUÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES

Os estabelecimentos que não suspenderam o atendimento presencial adotaram outras medidas para tranquilizar os clientes. Os restaurantes Quintal do Carmo e Água Doce Cachaçaria, por exemplo, diminuíram a quantidade de mesas em seus estabelecimentos.

“Colocamos álcool gel em todas as mesas, redobramos nosso cuidado com a higiene, que já era meticuloso, e a quantidade de mesas foi drasticamente reduzida para que no salão estejam afastadas para uma distância segura, reduzindo o contato com outras pessoas”, informa o comunicado da Cachaçaria divulgado nas redes sociais.

COMÉRCIO ABERTO

Antonio Deliza Neto, presidente do Sincomercio Araraquara

O Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara e Região (Sincomercio) divulgou nota afirmando que as lojas dos principais corredores comerciais da cidade manterão o horário normal de funcionamento, de segunda a sexta-feira das 9h às 18h, e aos sábados das 9h às 17h.

O Shopping Lupo também manteve seu horário normal, já o shopping Jaraguá reduziu o funcionamento, passando a abrir das 12h às 20h, diariamente, com o funcionamento normal das lojas e praça de alimentação (aos domingos, as lojas abrem às 14h).

Para o presidente do Sincomercio, Antonio Deliza Neto, a recomendação é que os estabelecimentos deem prioridade para os canais alternativos de venda, já que muitos clientes não vão sair de casa. “Qualquer motivo que tire o consumidor da zona de conforto faz com que ele adie a decisão de compra, e isso terá grande impacto para a economia. A orientação é agir com muita cautela, manter os ambientes arejados, fornecer álcool gel para os clientes e não realizar contato físico. É importante fortalecer a divulgação de um número de telefone e de canais alternativos para atendimento, mantendo o contato e a sintonia com o consumidor, mesmo a distância”, afirma Deliza.

José Carlos Pascoal Cardozo, comerciante e ex-presidente do Sinhores

José Carlos Pascoal Cardozo, membro da diretoria do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Araraquara (Sinhores), reforça que as medidas de higiene são importantes neste momento, e vê com muita preocupação o impacto do coronavírus para a economia local. “A população está assustada e está se recolhendo, mas não podemos criar pânico, pois isso é muito prejudicial para os milhares de trabalhadores do setor”, afirma Cardozo.

CAMPANHA PELO PEQUENO E MÉDIO EMPRESÁRIO

Uma campanha que circula nas redes sociais busca apoiar os pequenos e médios negócios. A divulgação alerta para o risco do fechamento de estabelecimentos diante dessa crise, e faz um apelo para que as pessoas continuem comprando nos mesmos estabelecimentos que estavam acostumadas, como lanchonetes, mercados, bares etc. Mesmo em casa, é possível fazer as compras, basta procurar um número de telefone, pois até aqueles que não possuíam o serviço de delivery passaram a fazer entregas. O importante é que haja solidariedade e que as pessoas e os estabelecimentos possam se ajudar.

O Sebrae está divulgando orientações de como adequar seu negócio diante das mudanças comportamentais no cenário de coronavírus. As dicas e consultorias sobre negócios abrangem os mais diversos segmentos, como alimentação, varejo, beleza, hospedagem, tecnologia, MEI etc. Os vídeos ficam disponíveis na página da instituição no facebookhttps://www.facebook.com/sebraesp/.

Para Renata Bittencourt, analista de negócios do Sebrae Araraquara, planejamento é a palavra chave no cenário de incertezas. “É importante que o empresário faça um plano de ações, reveja seus investimentos, reduza custos, diminua estoque, fracione compras, negocie com fornecedores e não abandone o contato com seus clientes. Reforçar a presença digital da empresa é fundamental, além de comunicar as medidas que estão sendo adotadas, deixando, dessa forma, seus funcionários e clientes seguros e tranquilos”, ressalta.

PAGAMENTO COM CELULAR

Para evitar o contato físico com máquinas de cartão, os clientes podem optar pelo “pagamento por aproximação”, conhecido como “carteira digital”, efetuado via celular. Isso é possível graças às tecnologias Near Field Communication (NFC) e MagneticSecureTransmission (MST), que permitem a troca de informações entre o celular e a máquina de cartão ao aproximar um do outro. Hoje, a grande maioria das máquinas presentes no mercado já possui esse sistema.

Para aderir, é preciso cadastrar o cartão em um aplicativo de pagamento da Apple Pay, Samsung Pay ou Google Pay. O aplicativo vai informar se o seu banco ou sua operadora são compatíveis com esse sistema de pagamento.

Por Fernanda Stella Cavicchia