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Lojistas de SP sentem 2021 pior do que o final de 2020

Confiança dos empresários nos negócios e na economia volta a cair em fevereiro, de acordo com levantamento da FecomercioSP

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O levantamento da FecomercioSP é realizado com cerca de 650 empresários paulistas de pequenas, médias e grandes empresas, de todos os setores.

Um bom termômetro do desempenho da economia e dos negócios é o índice de confiança do empresário, que chega a ser um sinal também do que está por vir nos meses seguintes.

Para os lojistas paulistas, 2021 começa pior do que terminou 2020, de acordo com o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) da FecomercioSP.

Em fevereiro, o indicador atingiu 97,1 pontos, 1,1% menor do que o de janeiro (98,2 pontos) e 22,2% menor do que o de fevereiro de 2020 (125 pontos).

O ICEC tem pontuação que vai de zero a 200. Quanto mais próximo de 200, mais positivo.

Desde o início da pandemia, que vai completar um ano em março, o pior índice de confiança do comerciante paulista foi registrado em junho de 2020 (61 pontos).

A partir de então, ele foi subindo até chegar a 101,7 pontos em dezembro do ano passado.

“Os empresários achavam que os negócios iriam melhorar na virada do ano, mas viram que a economia voltou a patinar”, afirma Fábio Pina, economista da FecomercioSP.

O levantamento da FecomercioSP é realizado com cerca de 650 empresários paulistas de pequenas, médias e grandes empresas, de todos os setores.

“O índice revela que eles não estão nada contentes com os negócios, pois as vendas estão aquém do que precisariam ou planejaram”, diz Pina.

O índice cai para 80,6 pontos no quesito que considera a condição atual da empresa e para 70,3 pontos no que se refere ao nível de investimentos da empresa.

Quando o índice está abaixo de 100 pontos, ele é considerado no campo do pessimismo, indiciando um momento ruim para os negócios e ou para a economia.

O indicador já é melhor quando o quesito trata de expectativa para a empresa (145,7 pontos), para o setor (137,3 pontos) e para a economia brasileira (128,7 pontos).

Pina diz que, tradicionalmente, o índice é sempre melhor em termos de perspectivas, fato que ocorreu novamente no levantamento de fevereiro.

DESÂNIMO

“Temos de ser otimistas para organizar a empresa e trazer o máximo de receita possível”, afirma Ângelo Campos, sócio da rede MOB, especializada em moda feminina.

Até 2019, diz ele, a rede, com 27 lojas próprias e nove franquias, tinha planos para crescer. “A pandemia atrapalhou tudo, fez com que os negócios ficassem incertos.”

Hoje, de acordo com ele, existe tensão e desânimo entre os lojistas, e a grande preocupação daqueles que estão em shoppings é conseguir negociar com as administradoras.

“Se a gente for se preocupar também com o rumo da economia, vamos ficar malucos”, diz.

Se depender de emprego e renda, as perspectivas para o país não são boas.

Em novembro de 2020, último dado divulgado pelo IBGE, havia 85,6 milhões de pessoas ocupadas, isto é, 6,6 milhões de pessoas a menos do que em março de 2020 (92,2 milhões).

No primeiro semestre de 2020, a média de pessoal ocupado foi de 89,8 milhões de pessoas. Neste ano, de 89,3 milhões, de acordo com Fábio Silveira, sócio da MacroSector Consultores.

O rendimento real médio do trabalhador ocupado, de R$ 2.562 no primeiro semestre do ano passado, deve cair 0,2% neste semestre, para R$ 2.554, de acordo com Silveira.

“São cerca de 500 mil pessoas ocupadas a menos, com rendimento menor, e comparando com um período ruim. Portanto, não existe recuperação à vista neste semestre”, afirma.

Expectativa de alta no preço dos combustíveis, inflação acima de 4% ao ano e taxa de câmbio elevada também contribuem para um período de menor atividade econômica.

Sem falar do fim do auxílio emergencial do governo, considerado o motor da economia no ano passado.

A equipe de economistas da MacroSector prevê para este semestre um crescimento de 3% da indústria, mas, em relação ao mesmo período de 2019, uma queda de 4,5%.

No caso de serviços, o crescimento é de 1,5% no primeiro semestre deste ano sobre igual período de 2020 e uma queda de 3,9% sobre o primeiro semestre de 2019.

“O nível de atividade cresce em relação ao primeiro semestre de 2020, que foi horroroso.”

O que pode sustentar um pouco a economia no segundo semestre deste ano é o crédito dos bancos, diz Silveira, considerando ainda um avanço no programa global de vacinação.

O IFECAP, índice da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, que mede a confiança do comércio paulista, identificou, em fevereiro, uma alta de 1,56% na confiança sobre janeiro.

O índice de 112,92 pontos, porém, ficou 13,2% abaixo do de fevereiro de 2020.

Por – Fátima Fernandes
Jornalista especializada em economia e negócios e editora do site Varejo em Dia