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Pesquisa de araraquarense avaliada com “a mais alta honra” por universidade belga

Doutorado em cotutela desenvolveu revestimentos para metais inovadores e mais resistentes

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Banca formada por docentes do Brasil e da Bélgica avaliou tese de Andressa Trentin com "a mais alta honra"

Um projeto de pesquisa desenvolvido por uma aluna de doutorado da Unesp de Araraquara em regime de cotutela com a Vrije Universiteit Brussel (VUB), da Bélgica, foi avaliada com “a mais alta honra” pela banca examinadora formada por docentes brasileiros e belgas. A tese defendida pela aluna Andressa Trentin consiste no desenvolvimento de revestimentos para proteção de superfícies metálicas resistentes à corrosão ou ferrugem.

A doutoranda do Grupo de Físico Química de Materiais (GFQM) do Instituto de Química da Unesp de Araraquara explica que a tinta pode ser aplicada em aviões, automóveis ou pontes, por exemplo, e é capaz de proteger metais como aço ou alumínio por anos. “Após muitos anos de estudos, nós obtivemos filmes com espessura aproximadamente 10 vezes menor do que o cabelo humano e capaz de proteger estes metais durante anos em ambientes extremamente agressivos, como água do mar”, explica.

Andressa Trentin

Um segundo desafio enfrentado com sucesso pela pesquisa foi transformar essa tinta em um “revestimento inteligente”, ou seja, um revestimento ativo capaz de recompor a si mesmo, aumentando o tempo de vida do produto significativamente. “Adicionamos cério e lítio na formulação e conseguimos provar que após a falha natural ou artificial (um risco, por exemplo) esses elementos são capazes de restaurar a propriedade de barreira dos filmes”, aponta a pesquisadora de Araraquara. “Assim, esta tecnologia proporciona grande economia à industria e também constitui uma alternativa aos revestimentos com base de cromo, compostos cancerígenos e atualmente proibidos no mundo inteiro”.

A relação de Andressa com a Vrije Universiteit Brussel (VUB), da Bélgica, começou a partir de um doutorado sanduíche financiado pela Fapesp ao longo de 2018. O estágio na instituição belga logo foi estendido a um convite para realização de um doutorado em cotutela, modalidade que permite a obtenção do titulo de doutor nas duas instituições, Unesp e VUB. A tese foi supervisionada pelos professores Tom Hauffman (VUB) e Peter Hammer (Unesp).

“Essa parceria foi valiosa conseguimos obter muitas informações aprofundadas dos mecanismos de regeneração dos revestimentos produzidos no Brasil utilizando as tecnologias mais avançadas atualmente nesse campo de estudo”, afirma Andressa, destacando que o trabalho rendeu prêmio em um congresso internacional de tintas realizado em Amsterdam, na Holanda, artigos científicos publicados em revistas de alto impacto e, mais recentemente, a defesa da tese de doutorado avaliada com “highest honors” pela banca examinadora.

“Acredito que todas as conquistas alcançadas por meio da pesquisa, além do duplo doutorado em Química pela Unesp e pela Ciências da Engenharia, da VUB, representam um grande impulso para minha carreira e valorizam as pesquisas realizadas no Brasil e no nosso Instituto”, celebra Andressa.

A banca avaliadora foi composta pelo pesqusiadores Assis Vicente Benedetti (Unesp), Rik Pintelon e Benny Wouters (VUB), Marie-Georges Olivier (Université de Mons, Bélgica) e Germano Tremiliosi Filho (USP).

Certificado atesta avaliação com “a mais alta honra” da tese de doutorado (Crédito: Reprodução)