Home Geral

‘Muitos profissionais mal sabem o que é a Indústria 4.0’, afirma diretor regional do Ciesp

49
WhatsApp Image 2017 08 25 at 11.14.12

Esta é a opinião de Ademir Ramos sobre o assunto destaque em congresso em São Paulo; para ele, Araraquara precisa divulgar essa tecnologia antes de pensar qualquer ação.

WhatsApp Image 2017 08 25 at 11.14.12

Reindustrialização que prevê uma transformação por meio da inserção de tecnologias como Big Data, inteligência artificial e Internet das Coisas, a Indústria 4.0 foi tema durante o 1º Congresso Brasileiro de Indústria 4.0, realizado em São Paulo pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

O evento reuniu representantes de empresas e de agências de fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação com o objetivo de discutir como o Brasil pode construir vantagens competitivas deste contexto. Ao fim dele, a seguinte avaliação foi proposta: “O Brasil precisa programar, urgentemente, um projeto de reindustrialização com ênfase em indústria 4.0”.

Mas será que as indústrias de Araraquara e Região estariam preparadas para essa tecnologia que tem como objetivo aumentar o nível de automação e possibilitar novas formas de organização dos sistemas de produção? Para Ademir Ramos, diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a resposta é positiva, porém com ressalvas. “Toda cidade que tem um parque industrial pode aderir, mas o processo no Brasil ainda é muito lento”, completa.

Para Ramos, o primeiro passo é a divulgação. “Muitos profissionais da área mal sabem o que é a Indústria 4.0. Então, para começar a pensar no assunto, a ideia seria trazer algum especialista no assunto para palestras e eventos que possam conscientizar nossos empresários sobre a necessidade dessa modernização. Inclusive, deixo o Ciesp de Araraquara à disposição para isso. É possível sonhar, mas neste momento não estamos preparados de uma maneira geral, pois estamos bem atrasados em relação ao que é feito lá fora”, pondera.

Vale dizer que a participação brasileira na indústria mundial caiu praticamente pela metade nos últimos 20 anos, de 3,47% em 1995 para 1,84% em 2016. Já a contribuição do setor no Produto Interno Bruto (PIB) nacional este ano foi de 11,1%, atingindo o mesmo patamar de 1953. “O Brasil enfrenta um forte processo de desindustrialização, como é definida a redução da capacidade industrial de um país”, completa Ramos.

Em 1980, quando a participação da indústria no PIB brasileiro atingiu o patamar de 20,2%, a produtividade em comparação com a dos Estados Unidos chegou a 40,3%. Em 2015, porém, caiu para 24,9% – mesmo índice de 1950. “Enquanto o país vem passando por um aprofundamento muito grande do processo de desindustrialização, economias de alta e média intensidade tecnológica, como Estados Unidos, Alemanha, Japão e China disparam na frente. Ainda estamos engatinhando. Não podemos esquecer nunca da instabilidade política, que sempre reflete na economia”, finaliza Ademir Ramos.

Durante o congresso, José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da instituição, disse que o Brasil possui alguns pontos fortes que podem contribuir para dar resposta aos desafios trazidos pela nova realidade da indústria 4.0, entre eles, ter um parque produtivo bastante diversificado, com unidades fabris de empresas líderes das principais economias desenvolvidas. Algumas dessas tecnologias já têm sido exploradas por pequenas empresas nascentes de base tecnológica (startups), além de universidades e instituições de pesquisa em São Paulo. “O país, contudo, terá que superar alguns obstáculos, como o de melhorar sua infraestrutura tecnológica, criar linhas de financiamento apropriadas e desenvolver competências e capacitações em tecnologias cruciais para implementação da indústria 4.0, como robótica avançada, manufatura aditiva (construção de objetos por impressão 3D), realidade aumentada e materiais funcionais, disse Roriz.