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Araraquarense do Jardim Brasília, hoje na Microsoft

Érica Missão, do Jardim Brasília, formada em matemática pela Unesp (São José do Rio Preto) e mestre em estatística pela Ufscar (São Carlos), é uma das muitas brasileiras que buscou acertar a vida em outro país.

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Com o marido em Seatlle, região onde vivem nos Estados Unidos

Certo dia, a filha de Dairce Marins e João Missão, decidiu afivelar as malas e partir para o exterior. Conheceu o marido Marcelo Hasegawa na época da faculdade quando ele estudava Física pela Usp, também em São Carlos e ambos embarcaram para a conquista de novos sonhos.

Trabalhar fora do país aconteceu de forma inesperada: quando Marcelo andava pelo Campus viu um aglomerado de pessoas e perguntou o que estava acontecendo. Foi informado que era uma seletiva com recrutadores da Microsoft, fez então a entrevista (era sua área no mestrado pelo ITA em São José dos Campos), passou e foi contratado como engenheiro de software da empresa. Érica conta que o marido entrou para a Microsoft porque é muito inteligente e bom no que faz. “O americano não gosta dessa área, então as empresas vão buscar em faculdades de primeira linha, profissionais no mundo inteiro.

Érica e o pai João Missão, quando em visita a sua terra natal

Já no caso de Érica foi diferente. Para acompanhar o marido que já estava em Seatlle, deixou seu trabalho em 2013 em São Paulo, onde atuava na área de estatística de uma empresa de telefonia. A princípio sua ideia era ir para lá e adquirir cultura local, estudar inglês, mudar de ares, pois entendia naquele momento que o Brasil não estava bem. Partiu imaginando que um dia poderia voltar. Não aconteceu e os amigos que trabalhavam na Microsoft no Brasil, também se descolaram para os Estados Unidos. E já que estavam morando em Seatlle há dois anos e os brasileiros estavam todos querendo se fixar por lá, resolveram em 2015 comprar uma casa e estender raízes. Nesse tempo, já falava inglês fluente, tinha Green Card e autorização para trabalhar. Resolveu então pleitear uma vaga na Microsoft, passou por um processo seletivo e conseguiu, inclusive na mesma área que atuava no Brasil.

Para ela trabalhar na Microsoft Corporation é uma experiência única, muito diferente do que estava acostumada por aqui. “Lá não existe o jeitinho brasileiro, não existe cinquenta tons de cinza, é preto no branco”.

Érica e a mãe Dairce Marins

Érica costuma aconselhar amigos brasileiros que passem por essa experiência, seja trabalhando nos EUA ou na Europa, “é uma experiência tão rica, que não se consegue sem sair do país. Pelo fato de morarmos em uma região que é um polo tecnológico, conseguimos conviver com pessoas de várias partes do mundo, e isso é enriquecedor. Eu trabalho com chineses, japoneses, latinos, europeus, tudo se torna um grande aprendizado”

Perguntada sobre como se sentia em trabalhar na empresa do mito Bill Gates, o pai do sistema operacional Windows, ela diz que se a Microsoft é a potência que é hoje, deve a ele, “Comentam que ele era chato, mas tinha que ser, principalmente na área tecnológica, caso contrário os negócios não teriam andado”.

Érica e Marcelo

Para Érica o atual CEO da empresa, o indiano Satya Nadella, tem o conservadorismo de Bill Gates, mas é inovador, centrado, metódico, foi uma ótima aquisição. Conta que a tecnologia da Microsoft mudou, “antes a empresa era conhecida por produto, agora quer ser conhecida por serviço, até porque ninguém compra um software, diferença que o Satya implantou, pois a empresa passou a ter uma gama de serviços, se reinventou, tanto que o Windows não é mais o carro chefe da empresa”.

Érica veio ao Brasil visitar a família em maio de 2018, chegou em meio à greve dos caminhoneiros e foi quando falou à reportagem. Já acostumada à calmaria americana, se assustou ao ver a balburdia que se tornou aquela paralisação e diz que “em seis anos que moro em Seatlle nunca vi uma greve, o máximo foi um protesto quando o presidente Trump foi eleito, pois os conservadores americanos estavam descontentes com Obama, protestaram nas urnas, mas guardadas as devidas proporções, se todos os americanos tivessem votado, Trump não se elegeria”. Partiu de volta com a sensação de tristeza em deixar novamente o país em uma situação ruim, não acredita em uma sociedade que vote em um político empitimado por exemplo, “porque votam nesse bando de raposas velha”- pergunta ela.

A intenção do casal é voltar para o Brasil e se fixar na capital paulista, até porque Araraquara não tem campo para o tipo de trabalho que desenvolvem, mas ressalta que isso depende ainda das variáveis externas, de como o mercado estará para sua profissão.