Os pais de Amadeo, os imigrantes italianos João Ditódaro e Stela de Pacce, chegaram ao Brasil em 1898, indo morar em Ibaté com os filhos Thereza e Nicola. Construtor, João conseguiu um serviço grande em Américo Brasiliense, então distrito de Araraquara, local para onde a família se transferiu temporariamente e ali viria a nascer a 25 de maio de 1906 Amadeo, o primeiro filho brasileiro do casal. Depois vieram outros irmãos nascidos no Brasil: Antônio, Rosa, Vicente e Elvira. Amadeo iniciou seus primeiros estudos na escola noturna “Elísio Cesarino”, em Ibaté, e não se sabe se completou o curso primário.
A família se estabeleceu em Araraquara em 1917, tendo adquirido o Bar da Estação e depois um outro na Avenida 7 de Setembro; já rapazola Amadeo aprendeu o ofício de alfaiate.
Aos 34 anos, dia 8 de setembro de 1940, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, ele contraiu núpcias com Iracema Porta, filha de Maria Ferez-Ricardo Porta. Sua esposa muito o ajudou na alfaiataria que começou na Rua Padre Duarte, 1222, onde hoje está localizado o prédio da Aracópias. Posteriormente mudou-se para a mesma rua no número 1184, atual endereço do Escritório São Paulo Despachante.
Amadeo e Iracema constituíram família e tiveram os filhos: João Batista, casado com Marlei Elisa de Lima Ditódaro; Maria do Rosário, casada com Olímpio Dias Maia e Geraldo Antônio, solteiro.
Sua descendência se completa com as netas e os bisnetos.
Naquela época, em que se usava ferro aquecido à brasa para passar roupa. Amadeo trabalhava duro até altas horas da noite com sua esposa. Com resultado desse esforço, conseguiu comprar uma residência comercial na mesma Rua Padre Duarte, 1225, onde atualmente funciona a Caçulinha Vídeo. O prédio adquirido com vários salões comerciais havia sido construído não fazia muito tempo.
Com a industrialização da confecção de roupas, o ofício de alfaiate ficou relegado apenas para pequenos consertos de peças e as dificuldades se tornariam maiores. Amadeo passou a representar a revista “Português”, que nas horas vagas, como autodidata, servia para enriquecer os conhecimentos.
Já com mais de 40 anos de idade aprendeu a língua italiana, taquigrafia e história geral, tudo através de seu esforço próprio. Fez o curso de caligrafia “De Franco”, através de correspondência. Como em algum tempo não houvesse correção de suas lições, Amadeo reclamou de seu professor. E qual não foi sua surpresa quando recebeu uma correspondência com o seguinte recado:
– “Se não houve correção é porque sua caligrafia está ótima. Vossa Senhoria é o orgulho de nossa escola”.
Por vários anos preencheu títulos honoríficos concedidos pelas Câmaras Municipais da região a personalidades ilustres, inclusive pela Câmara de Araraquara.
Teve uma Casa de Carnes sem conseguir sucesso, pois queria servir a todos da melhor maneira possível e não raras vezes com prejuízo. Tendo então passado dificuldades financeiras e não sabendo mais o que fazer, foi aconselhado pelo Luiz, do antigo Bar Tamoio, a vender bilhetes de loteria. E assim o fez, começando a vender os primeiros bilhetes para a Metrópole Lotérica, cujo proprietário era Rubens Lombardi, o qual ficou surpreso com seu carisma e facilidade de venda.
Assim, ele mesmo se apelidou de “Caçulinha”, pois era o mais novo vendedor daquela lotérica. E a coisa pegou… e muitos prêmios foram vendidos…, fortalecendo o seu marketing pessoal, tornando-o muito popular em Araraquara. Nessa atividade que exerceu até o fim da vida, Caçulinha formou um enorme círculo de amizades.
Amadeo Ditodaro (Caçulinha) teve seu último pôr-do-sol no dia 24 de maio de 1999, faltando apenas dois dias para completar seus 93 anos. Sua esposa, dona Iracema, faleceu a 3 de junho de 1993.
Seu nome está na rua através da lei n° 5228, de 13 de julho de 1999, de autoria do vereador José Roberto Cardozo, que passou a denominar Rua Amadeo Ditodaro (Caçulinha), a via pública da sede do Município, conhecida como Rua “06”, do loteamento denominado Parque Gramado II, como início da Avenida “H” e término na Avenida Joaquim Vieira dos Santos, do mesmo loteamento. (Por Samuel Brasil Bueno / in memoriam)