Home Artigo

Apesar da eliminação, a Ferroviária respeitou os processos de formação na base

Por Rafael Zocco

27

A quinta-feira do dia 8 foi o tanto quanto doloroso para as Guerreirinhas Grenás Sub-20 da Ferroviária. Em jogo único válido pelas quartas de final do Brasileirão Feminino da categoria, a equipe foi derrotada pelo Internacional por 4 a 2, na Fonte Luminosa.

Quem olha apenas o placar, pensa que foi um “baile gaúcho” em plena Fonte. Muito pelo contrário. O jogo foi disputado do início ao fim, talvez o confronto mais equilibrado das quartas, já que tivemos até um 7 a 1 imposto pelo Fluminense diante do Cefama-MA.

Olhando para o nosso jogo e o que foi o campeonato para a Ferrinha, a equipe comandada por Julia Passero sempre utilizou as jogadoras que tinha para a categoria e até mesmo das outras inferiores. Faz parte do processo de transição na base.

Para se ter uma ideia, a Ferroviária foi o time mais jovem entre os quadrifinalistas. Dos oito clubes, a equipe tinha média de idade de 17,25 anos, enquanto as outras beiravam 18 e 19 anos. A mais velha é a goleira Yanne, que completará 21 anos em dezembro, enquanto o grupo contou com jogadoras de 15 anos entre relacionadas. A zagueira Marina, de apenas 16 anos, foi titular em algumas partidas.

Esse ciclo não se quebrou até o jogo de quinta-feira. A meia Ana Luiza, que iniciou o campeonato jogando no Sub-20, frequentou o profissional e teve a chance de jogar a partida decisiva. Fez gol e foi um golaço.

Houveram críticas pela postura adotada pelo Internacional, de ter descido Pri Flor e Tamara ‘Bolt’, consolidadas no profissional comandado por Maurício Salgado. Não fizeram um jogo da primeira fase, mas estavam inscritas e foram diferenciais para que as Gurias saíssem com a classificação de Araraquara.

Olhando para o nosso quintal, temos até o caso de Aline Gomes que no ano passado desceu do profissional para jogar as fases finais do Paulista Sub-20 e a decisão do Sub-17. Naquele período, foi uma jogadora que transitava pelas Guerreiras e Guerreirinhas. Até mesmo a Seleção Brasileira teve o futebol dela nos Mundiais Sub-20 e Sub-17. E estou falando apenas de uma atleta.

Não se julga pela ilegalidade – que não teve – mas se é imoral ou não. Valeu a pena “tirar” outras atletas que estavam em sequência dentro da competição apenas para conquistar uma vitória? As duas fatalmente jogarão os jogos das semifinais, até por conta da quartas de final do Brasileirão Feminino no profissional.

Ao término da partida, com os ânimos mais exaltados, muitas provocações aconteceram dentro de campo, principalmente do lado colorado, que se orgulhava de ter sido um “time de camisa” em uma noite que foi brilhante, mas se esqueceram que foi um time adulto jogando contra, praticamente, um time de adolescentes.

Se pegarmos para observar quem é o time de camisa, a Ferroviária estará a frente e não me gabo em dizer isso, até porque, o clube dentro de seu departamento de futebol feminino é referência para a modalidade, tanto que recebe visitas constantes de profissionais da CBF. É um clube que fomenta a base, tanto que o Sub-12 é consolidado dentro da instituição.

A categoria Sub-20 da Ferroviária terá ainda pela frente as disputas do Campeonato Paulista e brigará pelo bicampeonato, além de uma provável disputa da Copinha Feminina, em São Paulo, que acontecerá no mês de dezembro.

Uns pensam em ganhar, outros em formar e construir futuros das atletas. Mas, uma coisa não pode acontecer: queimar o processo. A bola pode punir os sonhos.

*Rafael Zocco é formado em Comunicação Social – Jornalismo na UNIARA e escreve regularmente sobre Ferroviária no Portal RCIA Araraquara.

** As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR