Vejam se não é para acabar com Goiás. Um bandidinho, pé-de-chinelo tenta assaltar uma loja na Alameda Paulista e logo que sai, a dona da loja vai para o meio da rua, começa gritar e vários populares correm atrás do marginal. Ele é alcançado e um destes populares vê que a arma que o criminoso carrega é uma imitação grosseira.
Um dos perseguidores então grita – “prá cima de moá não, bandido” e todos se juntam e descem o cacete no marginal que acabou apanhando mais que surdo da Mangueira em tempo de carnaval. Apanhou, apanhou feio, ficando largado em cima da calçada. Os populares deixam o lugar e na metade do caminho cruzam com uma viatura policial – “vocês não viram um cara assim, assado, correndo por aí?”.
Um deles então responde: “Tem um cara mais ou menos parecido, caído ali adiante. Não sabemos se é o mesmo que vocês estão procurando”. Os PMS chegam lá e de fato era o próprio, esticadão, todo quebrado. Chamado o atendimento médico o bandido é levado para o hospital e lá é atendido, ficando internado sob a escolta policial.
Isso aconteceu no final da semana passada. Dia e noite – policial tomando conta e o criminoso tal como rei, deitadão, belo e formoso até a madrugada de ontem, quarta-feira. Dizendo que estava com uma dor de barriga do cão e precisava dar uma aliviada no estomago, pede então ao policial militar, responsável pela escolta, que sejam retiradas as algemas, pois do contrário não teria como promover a limpeza do órgão expedidor.
Pacientemente o policial retira as algemas e o bandido no banheiro, 5, 10,15, 20 minutos. Nem sombra do criminoso. O guarda então se dá conta de que seria muita demora do preso, desalgemado, dentro do banheiro. Ao abrir a porta veio – a notícia. O bandido fugiu. Saiu pela janelinha do banheiro, ainda que aparentemente quebrado por causa da surra.
Ontem, quarta-feira, duas noticias. Uma boa e outra ruim. Qual vocês querem primeiro? A boa? Então, a boa é que o cara no final da tarde foi preso, detido outra vez pela Polícia Militar. Agora, a ruim… O preso, ainda que internado estava com cirurgia marcada, não sabemos prá quando mas seria submetido a uma operação daqui uns dias.
Tudo ótimo… tudo bem no Reino da Dinamarca…
Tanta gente, gente quase morrendo, não conseguindo marcar uma cirurgia, que seja a retirada de uma unha encravada e o ordinário de um bandido, que causou terror na loja da mulher, que se manteve escoltado num quarto de hospital, foge, é preso outra vez e tem cirurgia marcada? Este País não é serio. Por essa razão, é que, ao ver coisas deste tipo – meu amigo diz em tom de espanto – é prá acabar com Goiás.
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
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