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Conheça o nosso colecionador do Globo Rural, desde a edição Número 01

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“Seo” Domingos Baú mostra nesta edição um lado curioso da sua vida: o gosto pela leitura, ainda mais quando o assunto é o agronegócio, que o ajudou a escrever uma linda história de amor à terra.

Bau 141Domingos Baú, orgulhoso, mostra a primeira edição da Revista Globo Rural e também a última, coleção iniciada em 1985

Domingos Narciso Baú, 77 anos, nascido no campo, ainda carrega no corpo pontuado pelo trabalho, o jeito matuto que herdou do pai Fortunato. Homem simples, traz no palavreado a experiência que o tornou produtor respeitado e de convivência com as diversas culturas agrícolas, aprendizado que em parte tirou do hábito pela leitura. A vivência se completa com a ousadia e o interesse em retirar da terra os benefícios propostos pela própria natureza.

Quando conversou com a nossa revista, o “seo Baú”, como é chamado, espalhou pela mesa alguns dos 375 exemplares da Revista Globo Rural, preciosidade que ele guarda desde o primeiro número lançado em 1985. A revista, diz Baú, conquistou a liderança do segmento e virou referência no agronegócio brasileiro, com informações valiosas tendo o foco de antecipar tendências aos grandes, médios e pequenos produtores agropecuários, além de atender aos executivos das empresas de insumos, máquinas e implementos agrícolas, dos grandes supermercados e do setor financeiro.

Bau 142Hoje sua propriedade tem como cultura de ponta a cana-de-açúcar e a qualidade da terra pode ser observada pelo porte do canavial

A visão empreendedora que hoje ele tem, vem desde os tempos em que o pai Fortunato deixa Motuca onde nasceu e trabalhava no campo e veio para Araraquara, onde conheceu Amália Gorla e se casaram. Algum tempo depois, Domingos mais os pais e os irmãos Vitalina, Genésio e José embarcaram para um outro sítio de Carlos Gorla, a 15 km de Rolândia, região metropolitana de Londrina. Era 1941, diz Baú e também foram para lá dois tios (irmãos de Amália).

Anos mais tarde, ele foi entender que a fama da fertilidade da “terra roxa” de Rolândia se espalhou por todo o País e o Norte do Paraná ficou conhecido como a Canaã brasileira. Logo, mineiros, paulistas e filhos de imigrantes italianos e alemães radicados em Santa Catarina e Rio Grande do Sul estavam povoando e construindo Rolândia. Lá também nasceu mais um filho de Amália e Fortunato, que se chama Carlos David Baú.

Bau 143Em seu sítio grande parte da vida agrícola foi dedicada à cultura do café Icatú, criado no IAC, através da mistura dos cafés Bourbon e Catuaí

Com o fim da 2ª Grande Guerra, Fortunato e João Gorla compram um sítio em Mandaguari, então chamada Lovat. Ocorre que durante a guerra, as cidades que tinham o nome de origem alemã foram substituídas. Por acharem que Lovat era de origem germânica, o patrimônio de Lovat teve o nome alterado para Mandaguari. Fortunato e família aproveitaram esse período de transição e foram para lá em 1952.

Com as economias retiradas do sítio de 10 alqueires em Mandaguari, Fortunato decidiu investir na construção de uma casa no São José, o que facilitaria o retorno para Araraquara e a chance dos filhos estudarem. Além disso, teria como se desfazer da propriedade no Paraná e adquirir um sítio de 43 alqueires nas proximidades da Usina Zanin.

Bau 144No dia 29 de janeiro de 2016, Domingos e Cecília comemoraram suas bodas de ouro e duas etapas de suas vidas

Quando aqui chegaram em 1962, Domingos Baú já estava com 22 anos. Estudando tornou-se técnico de Contabilidade e de Agrimensura, aliando duas atividades que poderiam ajudá-lo na administração dos negócios.

Com o falecimento da mãe Amália (1981) e do pai Fortunato (1986), a propriedade foi dividida entre os filhos Vitalina, Genésio, José, Domingos e Carlos e cada um seguiu sua vida. Quando Fortunato partiu, Domingos estava casado com Cecília Cerni há 19 anos e com 47 anos de idade. A família hoje se completa com os filhos Sofia Elaine, Glécia Vanusa e Erlei Fortunato, além de quatro netos.

Bau 145Domingos Baú participando de cursos organizados pelo Senar em Araraquara

Hoje, comenta Domingos Baú, “vendo nestes últimos anos os noticiários me assusto com a realidade brasileira mergulhada na lama por má gestão e crise ética movida pela política; lembro dos meus 13 anos, estudando na Escola Isolada de Jaborandi, depois no Florestano Libutti, Colégio Duque de Caxias e Agrimensura; com 22 anos, senti que o meu futuro dependeria só de mim. Por isso trabalhei e agradeço à minha família e à Deus”.

Sua contribuição ao agronegócio não ficou restrita à vida no campo; o conhecimento o levou a pertencer à diretoria da antiga Comapa (Cooperativa Mista da Agropecuária), Canasol, Sindicato Rural e Credicentro.

Este relacionamento no mundo dos negócios é o que o levou a colecionar a Revista Globo Rural desde 1985 e cuja coleção é guardada por ele com muito carinho pois trata-se de uma importante fonte de consulta. “Nas horas de folga dou uma ‘folheada’ nas revistas acompanhando a transformação dos tempos”, comenta o produtor.

Bau 147Intimidade com a terra desde sua infância