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Dia de eleição, que Deus ouça as nossas preces e nos ofereça paz, muita paz!

O jornalista e sociólogo José Maria Viana de Souza escreve sua coluna nos fins de semana em nosso Portal RCIA, narrando o que acontece nos bastidores políticos. Nesta edição, Viana faz uma análise do que poderá ocorrer neste domingo.

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DOMINGO, DIA DE 2º TURNO
Domingo, é o segundo dia sagrado das eleições gerais. Agora só resta escolher entre dois candidatos a presidente: Jair Bolsonaro ou Lula e mais 12 governadores pelo país, de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia, Amazonas, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Sergipe e Espírito Santo. É o dia de escolhermos entre as duas possibilidades que nos restaram após a polarização a que o país chegou. Não é o ideal, mas é o que nos restou. Portanto, teremos que fechar os olhos às misérias de cada um, e escolhermos o que considerarmos menos pior, menos nocivo ao país e à democracia, regime que faz 37 anos escolhemos para viver após 21 anos de brutal ditadura que ceifou vidas e ideais. Aos mais jovens, pensem no futuro do país e aos mais velhos, pensem no país de vossos filhos!

A SENSAÇÃO DO 2º TURNO…
Uma vez quase selada a eleição presidencial neste segundo turno, a sensação deste último turno, é a disputa para o Governo de São Paulo. No 1º Turno, Tarcísio Freitas emplacou 42.32% dos votos (9,8 milhões de sufrágios) e Fernando Haddad, 35.70% (8,3 milhões de votos), uma diferença de 6.62% em favor do primeiro. Já no 2º Turno, a diferença antes do debate (27/10) caiu para 3%. Na última pesquisa Ipec, Tarcísio tem 46% e Haddad encostando aponta 43%. O primeiro cresceu 4% e o segundo cresceu mais de 7%. A pergunta que se faz é se Haddad teria fôlego para ultrapassar Tarcísio em cinco dias. Conhecendo eleição em São Paulo, diríamos que essa possibilidade é plausível depois que o petista teria vencido os dois principais debates na televisão. A conferir a pesquisa de amanhã e melhor ainda o resultado da eleição!

HADDAD VENCE DEBATE
Acompanhando várias análises e também a nossa, nos parece que Fernando Haddad se saiu melhor e teria vencido o debate de quinta (27) da Rede Globo, colocando em todos os momentos Tarcísio Freitas na defensiva, tentando sempre se explicar e tachando as críticas do petista de Fake News. Haddad retornava nas críticas reafirmando-as e perguntando novamente sobre o salário mínimo, sobre o envio demorado de oxigênio às pessoas que estavam morrendo em Manaus, sobre o atraso na compra de vacinas e privatização da CEDAE do Rio de Janeiro… “Os preços da água quase dobraram. Isso tudo é mentira? Será que a imprensa toda do Brasil está mentindo para o mundo”? Aí Tarcísio, enrolado, perguntou: “Como você queria que eu mandasse o oxigênio”? Haddad: “não existe avião que é o transporte mais rápido? Por que o presidente não disponibilizou avião para o transporte do oxigênio”?… Por último Tarcísio se enrolou ao explicar ordem de companheiro seu para cinegrafista apagar o filme do tiroteio na favela Paraisópolis que resultou na morte de um homem. O tempo todo Haddad se mostrou no controle das perguntas e nos ataques que fazia desqualificando o opositor.

PRESIDENCIAL NÃO ACRESCENTOU
O debate presidencial desta sexta-feira (28) não contou muito para as duas campanhas. O cientista político Antônio Lavareda anunciara antes que “certamente qualquer que fosse o desfecho, não mudaria o tom da disputa previsto nas pesquisas”. E suponho que ele tenha razão. Bolsonaro sabendo que a questão do salário mínimo anunciado pelo ministro da Economia Paulo Guedes havia aberto um flanco na sua campanha iniciou o primeiro bloco combatendo a questão. Lula foi fraco, porque se fosse efetivo teria ali vencido o debate, mas deixou escapar, ficando sempre atrás e deixando o outro aparecer mais proeminentemente.

EMPATE PRÓ LULA
No segundo bloco, Bolsonaro vence com o discurso mais apropriado e encurralando Lula que ficava na defesa sempre atrás deixando espaço para o outro se defender ou falar. No terceiro Lula se sai um pouco melhor, discutindo a questão da saúde e o desprezo de Bolsonaro pela vida, construção de hospitais, UPAs e redução de investimentos em políticas para as mulheres. No quarto bloco, Lula, na questão do meio ambiente, vence com folga, mostrando-se mais proeminente, colocando um pouco aqui e outro ali, parte de suas intenções de programa porque nada realmente foi discutido sobre isso. Se soltou um pouco mais e falou para os eleitores. Nas considerações finais também Lula se saiu melhor falando aos eleitores com respeito e pedindo votos. Bolsonaro foi mais tímido pedindo a ajuda de Deus!

ENTREVISTAS
Lula na entrevista a Renata Lo Prete, reclamou de não poder ter discutido programa, criticou seu adversário pelos ataques apenas e que estava confiante na sensibilidade do povo brasileiro, convicto de que as pessoas sabiam que em seu governo se vivia melhor. A jornalista, no entanto, perguntou três vezes se Bolsonaro aceitaria o resultado da eleição qualquer que fosse o resultado e ele lhe garantiu que aceitaria porque “é assim que acontece nas democracias”.

CRESCIMENTO PAROU
A preguiçosa tendência de crescimento esboçada pelo presidente Jair Bolsonaro verificada na pesquisa DataFolha da semana passada entre os beneficiários do “Auxílio Brasil”, talvez por causa do debate anterior da Band, não se configurou nesta do dia 27/10. Ao contrário, na margem de erro, Bolsonaro retornou aos 44% de sua tendência deste o início do 2º Turno. Manteve 44% durante todo o tempo, indo a 45% na pesquisa anterior. Lula também não mudou, manteve nas quatro pesquisas, os mesmos 49%. No 1º Turno, Lula obteve 48.43% dos votos (57 milhões) e Bolsonaro, 43.20% (51 milhões). Cada um deles, neste quase um mês de campanha, cresceu com relação ao 1º Turno, apenas 1%. A estabilidade foi a senhora da razão, restando poucas linhas para manobras. Talvez a questão do mínimo tenha freado o movimento tímido de crescimento do presidente! Lula tem 6 milhões de votos a mais que Bolsonaro e fica difícil para o presidente tirar essa diferença, de modo que a eleição deste domingo, deverá eleger Lula presidente da República, mesmo com todas as tentativas de Bolsonaro no tapetão!

ASSÉDIO ELEITORAL
A questão do assédio eleitoral é muito grave e muitas empresas assinaram TACs de conduta com o MPT. O acinte de empresários cresceu oito vezes mais que em 2018, chegando a 1.789 denúncias em que tentam influenciar o voto em favor do candidato Jair Bolsonaro por meio de ameaças de demissão, coação e promessas de benefícios. Frigorífico de Minas Gerais forçou funcionários a usarem camisas amarelas e chegou ao despautério de prometer um pernil para cada um se Bolsonaro ganhasse a eleição (é muito pouco, como riso apenas). Outro sugeriu às mulheres levarem no sutiã o celular para filmar o voto e comprovar que haviam votado no candidato. As denúncias podem ser feitas pelo endereço: mpt.mp.br. Várias denúncias foram feitas na região de Araraquara e São Carlos. No Comércio de Araraquara e numa confecção de São Carlos, empresas assinaram TACs com o MPT após denúncias. É uma vergonha, meu Deus, o que estamos vivendo nesse país, nestas eleições!

BOM VOTO A TODOS (AS)
Desejo, apesar da superstição, bom voto a todos e a todas. Mesmo sendo o voto mais sensitivo do que racional, repito a ladainha, pensem no país, no futuro e nos filhos. Votem conscientemente! O Brasil precisa desse voto para se encontrar!