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Estou cobrando com a direita o custo da minha esquerda

Por Ivan Roberto Peroni

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Ainda distante das eleições municipais de outubro, o ano de 2024, por incrível que possa parecer, pode marcar de forma intempestiva a derrocada de um partido político que de maneira inteligente, tem se assegurado no poder por conta do assistencialismo.

É verdade que não devemos tratar esse domínio político como uso indiscriminado na maioria das vezes por massa de manobra, pois dá quem quer e recebe quem quiser. Parafraseando o escrito biblico seria – estou cobrando com a direita o custo da minha esquerda.

Uma das grandes lideranças políticas da cidade, Valdemar de Santi, extremamente sábio nas suas colocações sempre simplórias, certo dia nos disse que – partido político dificilmente se auto sustenta no poder por mais de 25 anos. Nem ele mesmo, popular, querido e respeitado pela sua honestidade, conseguiu sobreviver aos tempos da necessidade de ‘troca’.

E o povo, o trocou. Pelo simples desejo de trocar, queria algo novo, alguma coisa que combinasse com o processo de transformação de uma cidade que emergia dos seus 130 mil habitantes nos anos 70. Coincidência ou não, de 2000 para cá, há essa predominância petista, cumprindo seu papel de modo inteligente, com a diferença de que – De Santi fazia para a cidade, Edinho tem feito muito mais pela sua vocação assistencial às pessoas.

Mas, a curiosidade nos afunda nos conhecimentos da Máfia que usava as pessoas para crescimento e o fortalecimento da sua poderosa ideologia de servir, para tirar. As pessoas, no caso os necessitados, se satisfazem com a metade do pão, pois quem lhes der o pão inteiro, “nunca mais precisarão de mim”, raciocinavam os mafiosos.

Num comparativo racional, então temos – transporte coletivo pela metade, saúde pela metade, educação pela metade, economia pela metade, ruas e avenidas limpas e cuidadas pela metade, e, teóricamente, essa metade que é vai me garantir no poder, pois não posso ser esquecido pela metade que eu criei.

Se é fato que o eleitor se conquista ou se ganha pela “cabeça, coração e estômago”, imagino que a fome e a miséria tem sido um prato cheio para alguns partidos políticos, caso contrário não teríamos tantos milhões investidos em cestas básicas. Dar pão a quem tem fome é profundamente necessário, mas seria preciso Educação para que as próximas gerações tivessem pensamentos próprios de organização e vida em sociedade. Que os filhos de hoje fossem preparados para uma vida digna de trabalho e de garantia para a velhice dos seus pais e demais idosos.

O primeiro temor de derrota do PT e da sua extraordinária liderança chamada Edinho Silva, nas eleições de 2024, é excessivamente claro. Assim, chama para debaixo da sua aba em nome de uma falsa união política que entendem ser para o bem da cidade, velhos conhecidos que se satisfazem com as migalhas do banquete, cargos aqui ou acolá, apadrinhamento aos amigos e disposição em ter os outrora inimigos, bem próximos para sentir o que planejam.

Outra vez uma teoria mafiosa se impõe de, em tendo os inimigos próximos e os servindo, saberei que não conspirarão contra mim. Com isso o PT poderá não perder 10% da cota construída num período de domínio de 24 anos; o percentual em questão é o que precisa um doutor Lapena para quebrar a hegemonia referida por Valdemar de Santi: contudo, Araraquara pode ser diferente.

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR