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Percepção cognitiva, o que ela pode nos mostrar.

Por Endrigo Zapata

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O “Labirinto da Solidão” é uma obra-prima de Octavio Paz. Nesta obra, o autor diz que, quando Cristóvão Colombo descobriu a América, ocorreu um fato inusitado: os indígenas não teriam percebido – ou ‘visto’ – as caravelas. Elas realmente estavam ali, na frente deles, mas eles não tinham a percepção cognitiva para representar em seus cérebros uma imagem que era absolutamente incompreensível para os indígenas. Em outras palavras, o quadro mental de sua cultura não proporcionou a eles os elementos para visualizar uma imagem que nunca tinham visto antes. Era uma “cegueira” que a ciência explica.

A palavra “teoria” – que vem do grego theoria – nos ajuda a entender um pouco mais essa questão. Ela significa ‘observar’ ou ‘examinar’ para designar um conjunto de ideias, procurando transmitir aspectos da realidade. Ou seja, em grego ‘teoria’ significa também “aquilo que se vê”.

Trazendo para o campo da política, esta ‘cegueira’ artificial manifesta-se com frequência pelo fato de que vastos segmentos da sociedade padecem de uma forma de ‘alzheimer’, que não os permite perceber – ou ver – a destruição de políticas públicas provocadas por agentes públicos, como Bolsonaro. As elites da Casa-Grande usam esse expediente para manipular consciências: milhões de pessoas escutam a informação sobre os malefícios ocorridos, mas não têm capacidade pedagógica de construir em seu cérebro a imagem da destruição produzida pelas políticas do ex-presidente. O nível de consciência deles é baixo e, portanto, a percepção cognitiva deles é deficiente. Como resultado, apoiam o Bolsonaro!

(*)Endrigo Zapata é pedagogo, produtor cultural, ligado aos Movimentos Sociais dos Trabalhadores Rurais e escreve para o RCIA ARARAQUARA.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR