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Avanço da ciência a favor do Agro

Por Tirso Meirelles

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Nas últimas décadas, as metodologias para formular conclusões científicas evoluíram. Porém, é certo que as dúvidas geradas em torno do consumo de carne bovina, por exemplo, deixaram marcas incalculáveis no setor produtivo e, principalmente, na saúde das pessoas em todo o planeta. Mas a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em relatório divulgado em junho, deu um alento para o setor, recomendando ao mundo o consumo não só de carne, mas de proteína animal como ovos e leite.

Segundo o estudo denominado “Contribuição dos alimentos de origem animal terrestre para dietas saudáveis para melhorar a nutrição e a saúde”, esses alimentos oferecem fontes cruciais de nutrientes necessários para a saúde humana e não podem ser encontrados em alimentos à base de plantas, os chamados plant-based, que não contêm tais nutrientes em quantidade e qualidade necessárias.

Agora, baseados na ciência, podemos afirmar o que já era latente: carnes, ovos e leite são fontes de nutrientes essenciais para a saúde das pessoas, sendo, inclusive, vitais durante importantes estágios, como gravidez e lactação, infância, adolescência e velhice.

É importante destacar que o estudo da FAO (que pode ser lido em inglês neste link) é a publicação mais completa sobre o tema já realizada no mundo, sendo baseado em dados e evidências de mais de 200 documentos de políticas de saúde pública e 500 artigos científicos.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), defende e propaga há anos os benefícios do consumo da carne bovina para as pessoas. De fato, a carne vermelha é essencial para a vida, fornecendo diversos nutrientes de altíssimo valor para a saúde e o desenvolvimento de pessoas de todas as idades. É o caso do ferro, indiscutível fonte de energia, que aumenta a força muscular e é essencial para combater a anemia, entre vários outros benefícios.

O estudo da FAO ressalta que carne, ovos e leite fornecem uma variedade de macronutrientes importantes, como proteínas, gorduras e carboidratos, e de micronutrientes difíceis de obter na qualidade e quantidade necessárias em alimentos à base de plantas. Os alimentos de origem animal têm importantes funções para a saúde e o desenvolvimento da vida humana, oferecendo proteínas de alta qualidade, vários ácidos graxos essenciais, cálcio, selênio, vitamina B12, carnitina, creatina, taurina, zinco, ferro e vitamina A; todos componentes que estão entre as deficiências de micronutrientes mais comuns em todo o mundo, principalmente em crianças e mulheres grávidas.

O estudo também mostrou que, se consumidos adequadamente, como parte de uma dieta balanceada, os alimentos de origem animal contribuem para atingir as metas nutricionais, endossadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), relacionados à redução do ritmo de crescimento, emagrecimento de crianças menores de cinco anos de idade, baixo peso ao nascer, anemia em mulheres em idade reprodutiva, obesidade e doenças não transmissíveis em adultos.

Especificamente em relação à carne bovina, o estudo da FAO relata que consumir carne vermelha in natura até 71 gramas por dia é considerado seguro em relação ao aparecimento de doenças crônicas.

Com base nos resultados do estudo, a FAESP contribuirá para promover a divulgação das informações apresentadas pela FAO, além de incentivar que o governo federal, estados e municípios, revejam as diretrizes nutricionais, passando a considerar a carne, os ovos e o leite como fundamentais para as necessidades específicas de nutrientes durante o ciclo de vida dos seres humanos.

Essa é uma notícia de grande impacto para toda cadeia produtiva de proteína animal e, principalmente, para o segmento da carne bovina, que fechou o ano passado com incremento de 27% no volume de exportação. Ao todo, foi enviada para fora do Brasil o total de 1,56 milhão de toneladas em 2021; no ano passado foi 1,98 milhão de toneladas. Em receita cambial, o avanço foi ainda mais expressivo, com direito a recorde, chegando à casa de US$ 11,8 bilhões movimentados de janeiro a dezembro.

Com toda certeza, o estudo realizado pela FAO tem tudo para fazer com que 2023 seja um ano ainda mais espetacular para toda cadeia de proteína animal, contribuindo para que o Brasil consolide e amplie a sua participação no mercado internacional.

*Tirso Meirelles, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e escreve para o RCIA Araraquara

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR