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Chove na quadra do Gigantão e reforma começa pelo piso, não pelo teto

Por Ivan Roberto Peroni

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Na semana passada, a primeira de fevereiro, em meio aos temporais que desabavam sobre a cidade uma notícia publicada pela própria Prefeitura Municipal chamou a atenção: “Prefeitura recupera piso do Gigantão”. A publicação se completava com a informação de que – por meio da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, eram efetuados os reparos no piso da quadra do ginásio.

Os serviços de recuperação, segundo a nota, contemplavam o piso de madeira flutuante, que teve as partes deterioradas substituídas por madeiras novas e limpeza. De acordo com a presidente da Fundesport, Milena Pavanelli, o investimento, de R$ 28 mil, é oriundo de recursos próprios da Secretaria.

Em janeiro o Ministério Público de Araraquara mandou a Prefeitura, ainda que com o Gigantão em atividade, refazer a impermeabilização do teto, pois a água da chuva cai na quadra, o que já teria gerado problemas no piso, além do que – sem manutenções pelo poder público há vários anos – a parte estrutural do Gigantão apresentava problemas.

Imaginávamos então, que mediante a decisão do Ministério Público a reforma, onde se insere a impermeabilização, começaria pelo teto para impedir a continuidade do acesso das águas das chuvas que certamente estariam ampliando o desgaste da parte estrutural.

Só que a reforma começou pelo piso.

Sinceramente, não entendo de engenharia, mas o bom senso indica que se eu fosse resolver um problema desta natureza na minha casa, começaria pelo teto. No caso do Gigantão reformam o piso e as goteiras continuam.

A Prefeitura pode nos responder que – não está chovendo na quadra. Se não está chovendo na quadra, ótimo. Então que se faça apenas o piso e não haverá necessidade de se gastar mais de dois milhões de reais – com o teto. Mas, se vão fazer o teto é porque continua gotejando na quadra.

Também poderão dizer que há problemas estruturais. De fato existem, aliás, isso foi dito em laudos pelo Ministério Público quando pediu a interdição do Gigantão no ano passado com base nas declarações dos engenheiros Wilson Léo e Renato Monteiro, especialistas em fundações.

O que vemos é um balaio de gato, com muitos caciques e poucos índios, com ordens que não são técnicas, organogramas (subordinação no ambiente interno de uma organização) desencontrados que mostram total falta de conhecimento e insensibilidade no uso do recurso público.

A história conta que quando a Portuguesa de Desportos reformou o Estádio do Canindé não observaram que havia um trator cuidando do gramado. Colocaram o alambrado e depois não tinham como tirar o trator. Tiveram que quebrar o alambrado.

Em Araraquara a história é mais ou menos semelhante: reformam o piso de madeira para depois tirarem o vazamento do teto por conta das chuvas e goteiras.

A Secretaria de Esportes e Lazer informa também que as obras estruturais do Gigantão serão realizadas na área externa do ginásio e que qualquer intervenção na área interna, o piso será protegido para que não haja qualquer dano.

Para o mundo Senhor, que eu quero descer…

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR